A audição do vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, na comissão de inquérito ao caso BES/GES ficou marcada por uma acesa troca de palavras entre o governante e o deputado socialista José Magalhães devido ao caso dos submarinos.
Em resposta às questões lançadas pelo deputado do Partido Socialista (PS), Paulo Portas respondeu: «voltamos à sua obsessão do costume que são os submarinos. O senhor deputado é deputado, não é polícia, nem investigador, nem procurador, nem juiz».
«Por isso, peço-lhe o respeito pelo bom nome de pessoas que foram absolvidas em tribunal», acrescentou Portas face às considerações de José Magalhães acerca das escutas relacionadas com o processo de compra de dois submarinos por parte do Estado português durante o Governo de coligação PSD/CDS-PP liderado por Durão Barroso, no qual Portas era o ministro da Defesa.
«Não há dúvida nenhuma que o senhor é uma mente totalitária, porque quando a realidade não corresponde ao que pretende, altera a realidade», atacou Portas.
E acrescentou: «O senhor é igualzinho à doutora Ana Gomes [eurodeputada eleita pelo PS], porque se protege na imunidade parlamentar. A sua colega Ana Gomes fez muito pior, porque numa conversa que eu tive numa escuta inventou quatro palavras para tentar fazer uma teoria conspirativa. Chama-se a isso de fraude».
Confrontado com a acusação de José Magalhães de ter mantido no Parlamento uma «distância artificial» face ao Banco Espírito Santo (BES), o governante considerou que «o PS não tem razão e não tem autoridade».
De acordo com Portas, «nesta mesa há quatro partidos com empréstimos ao BES: PSD, PS, CDS e PCP». O governante realçou também que «as comissões de inquérito não são segundas voltas». E lançou farpas a José Magalhães: «O senhor deputado parece aquelas crianças que quando perdem um jogo pedem um novo jogo só para elas».
A subida de tom da discussão levou mesmo à intervenção de Fernando Negrão, deputado do PSD que preside esta comissão, pedindo que se mantenha a «elevação» na troca de argumentos que tem caracterizado os trabalhos. Mas o tema dos submarinos continuou a ser discutido entre Portas e Magalhães.
«Se eu quisesse favorecer o BES não tinha indicado um leilão bancário. Convidei 10 entidades financeiras e depois de seis mostrarem interesse, foi lançada nova volta para baixar o preço. Não escolhia a dedo como um governo anterior», sublinhou o vice-primeiro-ministro. E acusou o deputado socialista de estar «a transformar a comissão parlamentar do BES» num inquérito sobre a questão dos submarinos.
«Quando o senhor deputado insinua que Portas quis o BES, está a mentir. Eu sempre defendi que devia haver bancos portugueses no consórcio. Se o fornecedor é estrangeiro, convém que pelo menos no financiamento haja instituições nacionais», sublinhou.
«A única novidade que há entre a postura do senhor deputado José Magalhães da última vez que aqui estive e hoje é que entretanto houve um despacho de arquivamento. Mesmo um antigo estalinista deve respeitar isso», atirou Paulo Portas.