Economia

Pires de Lima espera que FMI não tenha de «colocar orelhas de burro»

António Pires de Lima Lusa

Em declarações no Fórum TSF, o ministro da Economia assinala que o Fundo Monetário Internacional tem falhado sempre as previsões do emprego e em matéria de consolidação orçamental também não tem sido certeiro. O relatório da avaliação anual do FMI relativo a Portugal, conhecido ontem, coloca dúvidas quanto à meta do défice do Governo.

António Pires de Lima comentou esta manhã, com ironia, o relatório da avaliação anual do Fundo Monetário Internacional (FMI) relativo a Portugal.

«Já não tenho idade para receber puxões de orelhas, nem eu nem os portugueses. Se pretende ser um puxão de orelhas, não vão apanhar orelhas nenhumas. O FMI é uma instituição respeitável mas que também tem de justificar a sua existência. Mais do que o conteúdo, é o tom que aqui marca. O FMI tem ele próprio de fazer uma prova de vida e faz essa prova de vida com relatórios como este. Usa um tom provatório, até porque se não for provocatório não sai em lado nenhum e isso deixa os técnicos do FMI muito tristes», afirmou o ministro da Economia à TSF.

Pires de Lima foi ainda mais longe, sublinhando que o FMI não tem sido muito certeiro. «Espero é que o FMI não tenha que pôr orelhas [de burro], daquelas que se punham na escola, por terem errado tanto ao nível das previsões da matéria de consolidação orçamental. O FMI tem-se caracterizado em matéria de emprego por errar todas as previsões, todas!».

Apesar das críticas, Pires de Lima sublinhou no Fórum TSF que estes relatórios do FMI devem ser encarados com o «espírito aberto».

«Isto não significa que o trabalho esteja todo feito, parece-me bastante normal e razoável que olhemos para esses relatórios de forma construtiva esperando que os desafios do espírito reformista se mantenham nos próximos anos. O processo nunca pode estar concluído, temos que olhar sempre para outros países europeus», disse.

O ministro da Economia mostrou-se ainda «confiante de que a economia vai crescer eventualmente mais do que orçamentámos e aí o FMI vai ter que rever as suas previsões» e que o desemprego deverá ser revisto em baixa.