Manoel de Oliveira morreu hoje, aos 106 anos. Nascido a 11 de dezembro de 1908, no Porto, era o mais velho realizador do mundo em atividade. O Governo decretou dois dias de luto nacional, hoje e sexta-feira. A Câmara Municipal do Porto decretou três dias de luto municipal, de sexta-feira a domingo.
Aos 106 anos, mantinha o ritmo de uma obra por ano há várias décadas. Até ao fim, insistiu que só criava filmes pelo gozo de os fazer. O último filme do cineasta foi a curta-metragem «O velho do Restelo». "uma reflexão sobre a Humanidade", estreada em dezembro passado, por ocasião do seu aniversário.
O homem do Cinema, que começou por ser um desportista, nasceu no Porto a 11 de dezembro de 1908, no seio de uma família da alta burguesia nortenha. O pai de Manoel de Oliveira levava o filho, ainda muito novo, a ver filmes de Charlie Chaplin, mas o interesse pela sétima arte só surgiria mais tarde. Realizou mais de 60 obras, entre as quais filmes, documentários e curtas-metragens.
Homem inovador, à frente do seu tempo, dono de um estilo próprio, nunca faltaram a Manoel de Oliveira ideias e projetos. Ao longo da vida, acumulou prémios e louvores, tornou-se presença assídua em festivais como Cannes, Berlim e Veneza, e mesmo os críticos não esconderam a admiração por um homem que se tornou o mais velho realizador do mundo em atividade.
Em 2013, em entrevista à revista francesa Cahiers du Cinema, Manoel de Oliveira deixava um lamento: «Eu penso que no país há uma grande indiferença pelo que já realizei. Tanto faz que o meu cinema exista ou não exista».
O Governo decretou dois dias de luto nacional, hoje e sexta-feira. O gabinete do primeiro-ministro informou que Pedro Passos Coelho vai estar presente no funeral de Manoel de Oliveira, que se realiza na sexta-feira, na igreja de Cristo Rei, Porto.