Artes

Adeus Manoel de Oliveira

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Populares, artistas, figuras públicas disseram esta sexta-feira adeus a Manoel de Oliveira. Depois de uma cerimónia religiosa na Igreja de Cristo Rei, reservada a familiares, amigos e figuras do Estado, o corpo de Manoel de Oliveira seguiu para o cemitério de Agramonte, onde foi sepultado no jazigo da família.

Aplausos e um "bravo" lançado pelos populares que participaram no último adeus ao realizador. Foi assim esta tarde no Porto, a cidade que viu nascer Manoel de Oliveira.

O ator Luís Miguel Cintra, o também ator e neto do cineasta, Ricardo Trepa, o realizador João Botelho, mas também várias figuras políticas foram à Igreja de Cristo Rei, no Porto, onde se realizaram, a partir das 15:00 as cerimónias fúnebres, seguindo depois para o cemitério de Agramonte.

«Cada vez que o vinha visitar, saía a chorar de casa dele a pensar "este homem não pode durar muito porque já tem a idade que tem" mas, por outro lado, tão contente por ter conversado com ele porque havia uma intimidade nos últimos anos que nunca houve antes, porque era uma pessoa com bastante pudor em relação às suas relações humanas», contou Luís Miguel Cintra. O ator que trabalhou inúmeras vezes com Manoel de Oliveira recordou também a frontalidade do cineasta.

O neto e também ator Ricardo Trepa disse aos jornalistas que a maior homenagem que fizeram ao avô «nestes anos que se passaram era, no dia-a-dia, abordarem-no e mostrarem o seu agradecimento e a sua admiração por aquilo que ele criava e tanto amou que foi o Cinema».

Já o realizador João Botelho recordou os grandes ensinamentos que Manoel de Oliveira lhe deu: «Teve aquela frase lapidar que serviu para a minha vida toda - "Não há dinheiro para a carruagem, filma-se a roda, mas filma bem a roda" e "Prostitui-te antes de arranjares dinheiro para o filme, prostitui-te quando o filme está pronto para o mostrar, mas nunca quando filmas"».

O ator norte-americano John Malkovich é outra das personalidades que se deslocaram ao Porto para as cerimónias fúnebres de Manoel Oliveira, presididas pelo bispo do Porto, António Francisco dos Santos.

Também o constitucionalista e ex-governador civil de Braga, Pedro Bacelar Vasconcelos, passou esta manhã pela igreja do Cristo Rei, no Porto, tendo transmitido aos jornalistas estar ali «em nome pessoal» e a «a pedido» de António Costa para transmitir uma mensagem à família de Manoel de Oliveira.

«Vim transmitir uma mensagem de profunda consternação pessoal que António Costa me solicitou que transmitisse à família e a consciência da perda física deste vulto que vai com certeza continuar a acompanhar-nos», referiu.

O Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, chegou hoje pelas 14:45 à igreja do Cristo Rei, no Porto, onde decorreram as cerimónias fúnebres do realizador Manoel de Oliveira. Também estiveram presentes o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, e o secretário de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier.

O primeiro-ministro enalteceu a obra universal e extraordinária deixada por Manoel de Oliveira, que morreu quinta-feira aos 106 anos, considerando que os "portugueses sentem hoje um aperto muito grande" com a partida do cineasta.

O primeiro-ministro afirmou ainda que o cineasta teve, "felizmente, uma vida longa, cheia e muito tempo com a sua família para nos legar uma obra extraordinária", considerando que a obra de Manoel de Oliveira "é universal e nesse sentido com muito da cultura portuguesa está desligada daquilo que foi a sua vida contingente e estará muito para além dos tempos que vivemos", que dá um orgulho e um brio particular aos portugueses.