A polémica começou no final de 2011, mas só agora, quase quatro anos depois, é que o Pedro Passos Coelho parece querer colocar um ponto final no tema. O primeiro-ministro reafirmou hoje que não convidou ninguém a emigrar.
"Já conseguiram investigar desde ontem [segunda-feira] uma frase minha em que eu tenha dito aos jovens portugueses que o que valia a pena era emigrar?", questionou o chefe do executivo. Passos Coelho argumentou que o que disse foi que infelizmente cada vez há menos crianças e as escolas portuguesas estão a ficar com menos alunos e se existem menos alunos, não se pode ter mais professores.
"Aqueles que têm a vocação de ensinar, das duas uma: ou encontram uma alternativa no espaço da língua portuguesa ou então reconvertem-se e experimentam outras alternativas e outras experiências para poderem viver com dignidade. Mas isso não é convidar ninguém para a emigração", revelou.
Na segunda-feira, Pedro Passos Coelho tinha negado que tenha incentivado os jovens portugueses a procurarem emprego no estrangeiro, classificando de "mito urbano" uma afirmação nesse sentido.
Hoje, o governante adiantou ainda que existem outros mitos a circular: "Podem procurar o mito de que eu tenha falado da refundação do Estado. Imensos jornais falaram da refundação do Estado, numa expressão que nunca utilizei. É outro dos mitos que se associa às minhas intervenções públicas, que eu defendi a refundação do Estado", disse.
Pedro Passos Coelho fez questão de explicar que, neste caso concreto, apelou ao espírito refundador do memorando para se fazer a reforma do Estado. Segundo o governante, por vezes surgem notícias com uma fonte que não é precisa e depois muitas gente repete essa fonte e ela passa a ser verdadeira quando não existe.
Em declarações à margem da entrega de prémios do projeto "Ciência na Escola", em Castelo Branco, o primeiro-ministro elogiou ainda o desempenho da economia portuguesa. Passos Coelho mostrou-se satisfeito com os dados do Eurostat que apontam para um crescimento a um ritmo superior à média europeia, ao contrário do que aconteceu durante quase uma década.