Em Loures, o líder do PS defendeu que o momento é "histórico" e acusa PSD e CDS-PP de serem "radicais do seu próprio campo político". Costa diz que Passos anda "atrapalhado" com "fracasso" do Novo Banco e garante que PS "não altera uma vírgula" ao programa eleitoral.
De regresso à casa onde foi vereador de 1993 e 1995, António Costa levou para Loures independentes alinhados com os socialistas, como Mário Centeno, Basílio Horta, Helena Roseta ou José Sá Fernandes, para fazer passar a mensagem de que, de agora em diante, o PS fará do "diálogo" uma das principais armas.
Frisando a importância da disponibilidade para conversar com parceiros sociais, sindicatos, entidades patronais, estudantes ou professores, o líder socialista dramatiza: "É essencial que quem vença não sejam os radicais do seu próprio campo político, mas aqueles que, no conjunto da sociedade portuguesa, têm capacidade de promover o diálogo".
"Depois de uma crise financeira, a última coisa de que o país precisa é de uma crise política", acrescenta.
Feita a radiografia ao momento político, o secretário-geral socialista retoma os números do défice para garantir: "O PS não vai rever nada, nem altera uma vírgula no seu programa".
E esclarece: "Porque nós nunca embarcámos em fantasias ou ilusões e porque quando desenhámos o programa vimos logo que o défice para este ano não era a miragem que o governo prometia".
Costa diz que Passos Coelho anda "atrapalhado" com o "fracasso" do Novo Banco, e insiste: "Não temos que andar aqui atrapalhados como o doutor Passos Coelho, que nos quer convencer que o fracasso da venda do Novo Banco afinal é bom e que até nos rende juros".
E questiona: "Se o ano passado falharam no défice e este ano vão voltar a falhar no défice, então, que sentido teve o aumento brutal da carga fiscal na classe média e das taxas moderadoras?".
Noutro ângulo, o rendimento. Sempre o aumento do rendimento. Para António Costa, não há outra saída. O líder do PS retoma, por isso, o exemplo da "subcrição pública" proposta por Passos Coelho [perante os lesados do papel comercial do BES], para insistir que só com o aumento do rendimento das famílias" será possível fazer crescer a economia".
O líder socialista até concorda com a ideia do governo de que a procura interna no país aumentou, mas para fazer uma crítica: "Procura deixou de ser sustentada no rendimento e passou a ser sustentada no endividamento".
Costa reforça a ideia de que o governo revelou "absoluto desprezo" e "insensibilidade social" pelos portugueses. Um governo "indiferente" às empresas em dificuldade em aceder ao crédito, aos empresários, mas também aos trabalhadores, acusa o secretário-geral socialista, para quem o governo "salvou aqueles que vivem e trabalham na especulação financeira".
A garantia de que "o PS fez as contas" e de que os números do défice não vão alterar uma linha ao programa socialista já tinha sido dada por Mário Centeno.
"Quiseram criar o paradoxo de que os seus erros criam problemas no programa do PS. Nós estamos preparados porque fizemos o trabalho de casa", disse.
Em Loures, o coordenador económico do programa do PS sublinhou que a "mudança estrutural prometida e para a qual houve sacrifícios não se verificou", acusando o atual executivo de "irresponsabilidade" que se "transmite às empresas e às famílias" nos últimos quatro anos.
Mário Centeno recuperou os números conhecidos nos últimos dias, insistindo que, com um défice de 4,7% do PIB no primeiro semestre, o país precisa de um "défice próximo do equilíbrio, próximo de zero, no segundo semestre" de 2015.
O economista acusou ainda o governo de Pedro Passos Coelho de estar a preparar, "pela oitava vez", a "revisão da tão anunciada sobretaxa", defendendo tratar-se de um "exercício de cosmética" e "puramente eleitoralista".
"Tem para eles um custo zero, porque eles não vão ganhar as eleições do próximo dia 4 de outubro", acrecentou.
Numa das intervenções mais entusiastas dos últimos dias da campanha socialista, Basílio Horta, autarca de Sintra, polarizou: "O que está em cima da mesa é uma opção: continuar o caminho da pobreza, da humilhação dos reformados e abandono da função pública ou uma mudança".
Basílio Horta defende que a escolha entre a coligação PSD/CDS-PP e o PS é clara: "É entre austeridade sem rigor ou rigor sem austeridade".
O fundador do CDS deixou ainda o apelo a Costa, pela "total prioridade" à classe média e acusou o governo: "Porque é que a especulação financeira tem regimes mais brandos do que quem trabalha?".
Concluindo: "Não se atemorizem com as sondagens".