Esta quarta-feira é julgado o recurso contra a condenação de Lula da Silva. Em causa está a recandidatura do antigo Presidente brasileiro às eleições de outubro.
Chamar julgamento do século à sessão no Tribunal de Segunda Instância que pode impedir o antigo Presidente brasileiro de se recandidatar ao Palácio do Planalto não é exagero, nem lugar-comum.
O perímetro em torno do tribunal onde o futuro de Lula será decidido estará vedado para precaver violência por parte dos manifestantes a favor e contra o antigo sindicalista. Por cima do tribunal, aeronaves vigiam a região onde os três juízes vão confirmar ou alterar a sentença de nove anos e meio de prisão decretada em primeira instância pelo juiz Sérgio Moro. O Rio Guaíba, que banha Porto Alegre, terá embarcações das forças de segurança brasileiras a acompanhar os movimentos dos populares ao longo do dia. Do cimo dos prédios que rodeiam o local estarão atiradores de elite, num cenário semelhante aos filmes de ação.
Por toda a cidade, haverá protestos de grupos a favor e contra a condenação do chefe de estado de 2003 a 2010 e líder em todos os cenários de todas as sondagens para as eleições de outubro. Do lado dos pró-Lula, há manifestantes em acampamentos desde há dias e até populares em greve de fome. Os anti-Lula têm marcado o CarnaLula, espécie de Carnaval antecipado para festejar a condenação do candidato.
Lula é acusado de ser proprietário de um apartamento tríplex no Guarujá, a 100 quilómetros de São Paulo, oferecido pela OAS, construtora envolvida no escândalo do Petrolão. Caso seja condenado pelo colegiado de três juízes, o cenário mais provável, pode ficar inelegível, à luz da Lei brasileira da Ficha Limpa.
No entanto, cabem recursos à defesa do antigo presidente que podem atrasar o processo por meses, até perto da votação, e manter em suspense as eleições. Não é exagero, nem lugar-comum chamar-lhe, portanto, o julgamento do século.