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O relógio marcava 13h47 quando o secretário da mesa do congresso, Carlos César deu por encerrados os trabalhos. Terminava assim o 22.º Congresso do PS.
Apesar dos cerca de uma centena de delegados inscritos e de ter havido várias desistências, tudo correu sem sobressaltos. No sábado, o dia de congresso não terminou às 19h30, como estava previsto, mas perto das nove da noite. Ainda assim, alguns dos militantes ainda conseguiram assistir a parte da final da Liga dos Campeões.
Arriscava ser a corrida socialista mais louca do mundo, mas acabou por não haver choques frontais, apesar das inúmeras chamadas de atenção da mesa do congresso pelas várias tentativas de ultrapassagem do tempo regulamentar, uma das quais protagonizada pelo eurodeputado Francisco Assis que há quatro anos não conseguiu dirigir-se aos delegados e que despoletou muitos sorrisos na sala.
No segundo dia do conclave rosa, na Batalha, assistiu-se a intervenções a todo o gás (não deveriam exceder os três minutos de duração), a par de dezenas de desistências de delegados inscritos para tomar a palavra.
A corrida às inscrições para falar arrancou logo na sexta-feira, mas nem todos os que procuraram fazê-lo foram bem sucedidos, como Ricardo Gonçalves, "segurista", da distrital de Braga, voz sempre crítica do rumo do PS e que este sábado saiu derrotado ainda antes do tiro de partida. "Queria falar e muito, porque acho que a minha opinião é diferente da da esmagadora maioria dos militantes, mas pura e simplesmente ontem tive trabalho até às oito da noite e, quando hoje de manhã cheguei aqui, disseram que estavam as inscrições fechadas", explicou, sem esconder a revolta. "O João Proença até me dava o lugar dele, é o 34º, mas dizem que não é possível trocar", criticou, rematando: "não percebo porquê". E à constatação de que "iria ficar de fora de intervir no congresso" ainda juntou o recado de que foi dele a intervenção de há dois anos "com mais visualizações e audições em todos os órgãos de comunicação e em todas as plataformas do que o resto do congresso junto".
Já o presidente da distrital de Vila Real, Rui Santos, desistiu pelas condições colocadas. "Compreendo, mas passo a vez para que alguém possa usar o meu tempo, porque em três minutos não é possível transmitir uma mensagem substancial com substrato ao congresso", lamentou. Razão diferente para abdicar da vez de se dirigir aos socialistas teve Marcos Perestrelo. "Eu penso que era o número sessenta e qualquer coisa. Espero ainda lá chegar...", dizia o atual secretário de Estado da Defesa, ainda da parte da manhã, acabando por desistir ainda antes de saber se seria possível.
Mas também houve, entre os cerca de cem delegados inscritos, várias dezenas de resistentes. Francisco Assis foi um dos que foi a jogo mais otimista. Depois da má memória do congresso de há quatro anos, o eurodeputado que conseguiu o 52º lugar para falar, acreditava que "desta vez" iria conseguir falar aos companheiros de partido. "Tenho a certeza de que vou falar", dizia, salientando que "tanto faz ser ser o número 2, o 20, o 30, ou o 52".
Falar, falou, mas não se livrou do cartão amarelo de Carlos César, quando a intervenção do eurodeputado já se alongava. "Muito obrigado camarada, peço o favor de terminar... já usou da palavra durante 8 minutos e o tempo recomendado eram 3 minutos", interrompeu o presidente da mesa. "Carlos César, lembro que há 4 anos não usei da palavra, fica a contar por essa altura, por esse tempo", asseverou Assis, em resposta, acrescentando: "isto com toda a amizade. Não há aqui qualquer problema entre nós".