A adesão à greve dos pescadores espanhóis contra o aumento dos preços dos combustíveis e o baixo preço de venda na lota conta com uma adesão «total», enquanto em Bruxelas, os pescadores belgas fizeram parar o trânsito frente às instituições comunitárias.
A quase totalidade da frota pesqueira espanhola está parada por tempo indeterminado desde a meia-noite desta sexta-feira em protesto contra o aumento dos preços dos combustíveis e o baixo preço de venda na lota.
Milhares de pessoas, entre pescadores de todo o país, representantes de associações, cooperativas e armadores, vão também realizar um protesto em Madrid contra o governo que incluirá a distribuição de 20 toneladas de peixe a quem passar.
Ouvido pela rádio espanhola Cadena Ser, o Secretário-geral da Confederação Espanhola de Pescas, que faz parte da organização do protesto em Madrid, alertou que «os pescadores espanhóis estão a atravessar a pior crise pelo menos dos últimos 100 anos».
Javier Garat frisou que «não há economia que aguente» com o aumento de «320 por cento» do preço do gasóleo em cinco anos.
«Em alguns casos chega a haver uma diferença de 300 por cento entre o preço de primeira venda e o que os consumidores pagam no supermercado», disse à agência Lusa Soares Llanos, gerente adjunto da Cooperativa de Armadores de Barcos de Pesca do Porto de Vigo.
Uma fonte da CEPESCA, a entidade patronal do sector, fez saber que espera mais de dez mil pessoas na manifestação desta sexta-feira em frente ao Ministério do Ambiente, Meio Rural e Marítimo.
Entretanto, o porta-voz das cooperativas de pesca de Barcelona, José António Caparros, adiantou que a adesão à greve dos pescadores espanhóis é «total», estando todo o litoral espanhol «parado».
Espanha conta actualmente com uma frota pesqueira de cerca de 14 mil embarcações, sendo que cerca de 1400 passam períodos mais longos no mar.
Em Bruxelas, uma centena de pescadores belgas protestaram, esta sexta-feira, numa manifestação ruidosa que envolveu o corte ao trânsito, em frente às sedes da Comissão Europeia e do Conselho de Ministros da União Europeia, protestando contra o preço do combustível e reivindicando soluções.
Um responsável pela manifestação, Ivan Victor, disse à agência Lusa que a acção foi organizada em concertação com as outras associações europeias que representam o sector.
«Queremos que a Comissão Europeia, especialmente o comissário Joe Borg», que tutela o sector das Pescas, «tome medidas de apoio aos pescadores», sublinhou Victor.
O executivo comunitário manifestou-se na quinta-feira disponível para apoiar a reestruturação do sector, nomeadamente na modernização dos equipamentos e motores dos navios pesqueiros, de modo a torná-los energeticamente mais eficientes, mas recusa qualquer subsídio aos combustíveis.
Os pescadores portugueses, espanhóis, italianos e franceses iniciaram, esta sexta-feira, uma greve por tempo indeterminado em protesto contra o preço do combustível.