A comissão de transportadores reunida este domingo em Coimbra decidiu manter a paralisação do sector, que terá início esta segunda-feira, afastando a ideia de inconstitucionalidade da acção de protesto.
A comissão de transportadores de todo o país, reunida este domingo em Coimbra, reiterou o propósito de paralisar a partir de segunda-feira, num protesto que poderá ser visível nos camiões parados nas empresas ou em marchas lentas.
«A vontade esmagadora é a da paralisação», disse António Sousa, membro da comissão, sem avançar no entanto quais as formas de luta, que deverão ficar ao «critério de cada empresa».
Perante a ideia de inconstitucionalidade da paralisação, apontada pelo constitucionalista Paulo Mota Pinto e pela Federação de Sindicatos dos Camionistas, António Sousa disse que não existe qualquer «inconstitucionalidade» porque os empresários não vão «fazer greve nem impedir ninguém de circular».
«Vivemos num país livre e democrático, logo, temos o direito de fazer das nossas viaturas o que entendemos, não pondo em causa o salário dos trabalhadores», adiantou.
O empresário sublinhou que se o sector não parar agora e não disser ao Governo «basta» para poder «receber algum oxigénio a nível financeiro, a complicação que vai surgir é o desemprego», porque as empresas «não tem possibilidade de manter-se em funcionamento com as dificuldades que enfrentam».
«Seria de bom senso que o Governo olhe para este sector de uma forma diferente», reiterou.
No final da reunião, foi distribuído aos jornalistas um documento onde a comissão lamenta «a posição da direcção» da Associação Nacional dos Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (ANTRAM), que optou por não se associar aos empresários na paralisação, preferindo manter as negociações com o Governo.
«O facto de a direcção nacional mostrar desacordo criou mais radicalismo e sentimento de revolta, o que poderá originar divergência e criar reacções diversas, o que esperamos não venha a acontecer», lê-se na mesma nota.
Entre as reivindicações da comissão mediadora dos transportadores figuram a criação do gasóleo profissional, com equiparação de preços Portugal/Espanha, a diferenciação positiva fiscal, ajudas de custo e o incentivo à renovação das frotas.