O Centro Pastoral de Moscavide, desenhado pelo Plano Humano Arquitectos, foi distinguido no American Architecture Prize de 2017 na categoria de Design Arquitetónico e Arquitetura Institucional.
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Todos os dias há missa na Igreja de Santo António de Moscavide. Depois da Eucaristia, os paroquianos deixam-se ficar pelo Centro Pastoral, inaugurado há cerca de um ano e agora premiado em Nova Iorque no American Architecture Prize de 2017.
Há café e bolo caseiro no grande átrio do centro pastoral, iluminado por uma claraboia central que une todo o edifício.
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"Esta metáfora da luz que atravessa este espaço e que, no fundo, chega até estas pessoas, sempre foi uma premissa desde os primeiros dias deste projeto", explicou Helena Vieira, arquiteta do ateliê Plano Humano. "Isto é um espaço de acolhimento, um espaço para as pessoas. Não tem de ser de clausura, antes pelo contrário. Tem de ser de vida, de motivação, de força para as pessoas", reforçou.
O padre José Fernando Ferreira quer que o centro seja "um espaço aberto a todos". O edifício inclui a sede dos escuteiros, sala de festas, um escritório de receção aos paroquianos, capelas mortuárias e a casa do padre, onde passaram a decorrer jantares e convívios regulares.
"Havia uma das catequistas que dizia: Eu nunca tinha entrado em casa do padre", explicando que, ao início, os paroquianos estranharam a proximidade entre o espaço público e o privado da igreja.
"Não é só rezar, é conviver e é estarmos uns com os outros e isto também nos ajuda a sermos mais pessoas, mais humanos, mais atentos e isso é o que se pretende com este espaço", explicou o padre José Fernando.
"Agora dá gosto morrer em Moscavide"
O edifício foi desenhado para uso de uma comunidade mas não esqueceu a hora da partida dos paroquianos. O arquiteto Pedro Ferreira explica que a relação com a morte foi trabalhada ao pormenor. "O desenho do altar, das portas, das espessuras que demos, há aqui algumas medidas que nós quisemos colocar e que têm uma simbologia que remete para as escrituras".
O padre José Fernando Ferreira acrescenta que "a ideia foi envolver o corpo em luz", explicando que "estamos a conduzir a pessoa que está a partir, ou que partiu para essa luz divina".
Os paroquianos também gostaram das novas capelas mortuárias, "sentem-se bem aqui", garantiu o pároco.
"Agora dá gosto morrer em Moscavide porque vamos para um espaço de luz. Não é aquelas catacumbas lá em baixo como era antigamente. Mas agora estamos num espaço todo airoso. Há pessoas que têm mesmo essa expressão", brincou.
Edifício premiado
O júri do "The American Architecture Prize" de 2017 avaliou milhares de inscrições de 68 países, acabando por distinguir três obras portuguesas, entre outros projetos.
O Centro Pastoral de Moscavide recebe o prémio na categoria de Design Arquitetónico e Arquitetura Institucional. O júri reconheceu ainda o trabalho do escritório Tiago do Vale Arquitectos, na loja "The Caveman" em Braga e o Parque tecnológico de Óbidos, da autoria do escritório Jorge Mealha Arquitecto Lda.
A cerimónia de entrega de prémios decorre esta sexta-feira, 27 de outubro, em Nova Iorque.
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- O esplendor da caverna em Ponte de Lima