Jazz em Agosto: ao sexto dia, o surrealismo áudio-visual

Embora a mostarda tenha aparecido pela primeira vez na Índia em 3000 a.C., os franceses ficaram famosos pela mostarda de Dijon e, agora, por uma outra variedade - esta musical - que dá pelo nome de Petite Moutarde. Assim se chama o grupo que se apresenta esta terça-feira no Jazz em Agosto.

Com uma liderança bicéfala, o coletivo Petite Moutarde é um sexteto que, afinal, é um quarteto. E passo a explicar: são quatro músicos mais dois elementos, estes responsáveis pela parte de vídeo e iluminação. E isto porquê? - porque os Petite Moutarde têm como pano de fundo nos seus concertos a projeção de filmes surrealistas e dadaístas dos anos 20 do século passado, assinados pelos realizadores René Clair, Marcel Duchamp e Man Ray.

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Liderado pelo compositor e violinista Théo Ceccaldi e pela saxofonista (também com participação importante na voz) Alexandra Grimal, o projeto Petite Moutarde integra ainda o contrabaixista Ivan Gélugne e o baterista Florian Satche, para além dos outros dois elementos anteriormente referidos: Jean-Pascal Retel (responsável pelo vídeo) e Vincent Bodin (que assina a iluminação).

Coletivo nascido em 2014 durante uma residência artística no Atelier du Plateau (subordinada ao tema "Os realizadores que filmaram Paris"), o Petite Moutarde escreve em cada concerto uma nova banda sonora para os filmes mudos pós-primeira Grande Guerra Mundial.

Com um homónimo disco de estreia editado em 2015, os Petite Moutarde fazem, ao correr das notas, uma mistura assimétrica e perfeita entre a improvisação e aquilo a que se poderá chamar de Jazz de Câmara, sendo curioso notar que os oito temas que integram o álbum têm todos nomes de frutos ou condimentos.

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E se quiséssemos encontrar dois sinónimos para o quarteto Petite Moutarde e a música que fazem, eles poderiam ser "inquietude" e "reinvenção".