Este sábado, no Jazz em Agosto, à tarde conversa-se sobre música e, à noite, endurecem-se os sons numa estética de anarquia controlada.
Corpo do artigo
É na Sala Polivalente da Fundação Calouste Gulbenkian que começa, às 18:30, o terceiro dia da 33ª edição do Jazz em Agosto. Na primeira das duas conversas agendadas, dois senhores ingleses - David Toop e Evan Parker - falam hoje sobre músicas tradicionais do Mundo, algumas já perdidas na memória do tempo e outras em vias de extinção. Mas vamos recordar quem são estes dois britânicos que vão ilustrar e sublinhar as palavras com exemplos áudio.
David Toop é músico, compositor, professor no London College of Communication, colaborador assíduo das revistas The Face e The Wire, e muitos se lembrarão dele como um dos elementos dos The Flying Lizards, o excelente grupo de pop/rock "avant-garde" que existiu entre 1970 e 1980. Quanto a Evan Parker, é um dos mais conceituados saxofonistas nascidos na Europa e que tem espalhado o talento pelo Jazz e pela Música Improvisada, com relevante trabalho a solo e participações com nomes como Paul Bley, Anthony Braxon, Paul Haines, Steve Lacy, Michael Nyman, David Sylvian, Charlie Watts ou Robert Wyatt, para citar apenas alguns. De referir que estes dois senhores voltam no domingo à Sala Polivalente da Gulbenkian para dissertarem sobre a música improvisada que se vem fazendo desde os idos de 60 do século passado.
iivYm2Uh8zM
Mas passemos à noite deste sábado e ao Anfiteatro ao Ar Livre, onde o som vai ser pulverizado. Em palco, vai estar um trio constituído por Peter Evans (trompete), Tim Dahl (baixo elétrico) e Mike Pride (bateria, percussão e "glockenspiel"). Cada um "de per si" a formar um coletivo (por muito estranho que isto pareça) que, depois de ligados entre si, dão origem aos Pulverize The Sound cuja estética sonora é uma espécie de anarquia controlada.
Usando alguns dos significados de "pulverizar", pode dizer-se que os Pulverize The Sound reduzem a pó tudo que não seja improvisação, espalhando sobre a música que fazem vapores de Jazz "avant-garde", polvilhando-a ainda com pitadas de "noise", "pós-punk" os "trash metal". Como resultado final de tudo isto, o "musicalmente correto" e toda e qualquer regra, são destruídos e reduzidos a fragmentos. É pois isto que os Pulverize The Sound têm para oferecer: música onde vale tudo.