"Temos de reconstruir tudo." Após incêndio, companhias de teatro pedem ajuda à Câmara de Sintra
Oito companhias de teatro perderam tudo, depois de um incêndio, na terça-feira, nos armazéns onde guardavam todo o material, em Mem Martins, no concelho de Sintra
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As companhias de teatro que perderam materiais e arquivos num incêndio, em Sintra, pedem agora ajuda à Câmara Municipal, a responsável pelo espaço.
Teatro Mosca, Rugas, Chão de Oliva, Teatro Esfera, Byfurcação, Teatro Efémero, Musgo e Tapa Furos. Todas estas companhias profissionais de teatro tinham material guardado nestes armazéns, quando o fogo deflagrou, na última terça-feira, na Rua Abel Manta, junto ao centro de saúde de Algueirão - Mem Martins. "Estamos a falar de cenografia, figurinos, adereços e, no nosso caso, temos a lamentar também o arquivo do espólio de décadas de trabalho", adianta à TSF Susana Gaspar, a diretora da Associação Cultural Chão de Oliva, fundada em 1987 e que engloba a Companhia de Teatro de Sintra e a companhia Fio d'Azeite.
Depois do fogo, nada sobrou. Por isso, as associações estão "a apelar às pessoas a que partilhem o que ainda têm nas suas casas. Temos algum arquivo na Casa do Teatro de Sintra, onde trabalhamos, mas eram muitos os dossiers, com muitos textos de teatro, e esse material não vamos conseguir recuperar", lamenta. Susana Gaspar ainda não tem números, mas avisa que vai ser "difícil calcular" os prejuízos. "Temos de reconstruir tudo", afirma.
Uma coisa é certa: "Com os cenários e adereços destruídos, [as companhias] não poderão fazer espetáculos tão cedo", garante Susana. Os próximos seriam já neste fim de semana, no festival Periferias. Em concreto, a Chão de Oliva ia repor em breve a peça As Ressuscitadas, estreada em novembro. "Iríamos fazer esse espetáculo no início de abril, na Casa de Teatro de Sintra e, no dia 11 de abril, iríamos a Évora", adianta a diretora. "Energia e vontade" não faltam para fazer o teatro acontecer, mas, para já, o realismo impõe-se, e estão ainda "a avaliar".
As companhias tinham um protocolo com a Câmara Municipal de Sintra para guardar o material neste armazém, pelo que, agora, o primeiro passo é avaliar os danos para que possam ser "financeiramente ressarcidas pelas perdas", explica Susana Gaspar. O tema vai ser levantado esta sexta-feira numa reunião com o presidente da Câmara.
Em breve, estas oito companhias terão um novo espaço para guardar material, uma mudança que já estava prevista. Agora, depois do fogo, falta é saber o que é que vai ocupar o novo espaço.
E, numa altura em que todos os apoios são bem-vindos, a diretora da Chão de Oliva apela ainda a que se dê mais atenção ao trabalho das companhias de teatro sintrenses. "Somos muitas, mas parece que estamos invisíveis", atira Susana Gaspar. "Nem as pessoas de Sintra tinham noção de que havia tantas companhias", lamenta.
A TSF tentou esclarecimentos junto do presidente da Câmara de Sintra, Basílio Horta, mas essa conversa não foi possível.
