Vasp sem decisão definitiva: redução das áreas de distribuição de jornais é "um cenário em cima da mesa"

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"Os cenários de distribuição de imprensa diária estão permanentemente a ser analisados e vêm desde 2021/2022, a seguir à pandemia, quando houve uma redução e uma quebra significativa na venda dos jornais diários. E, portanto, nós estamos em permanência a fazer cenários", esclarece o administrador da Vasp Rui Moura
O administrador da Vasp Rui Moura afirma que o fim da distribuição de imprensa diária é apenas "um cenário em cima da mesa", ao contrário do que tinha avançado anteriormente fonte da empresa.
No início do mês, fonte da Vasp com quem a TSF conversou explicou que a falência da Trust in News, dona da Visão, e a quebra cada vez maior nas vendas agravaram uma situação financeira que já é problemática há muito e, por isso, oito distritos do país - de Beja a Bragança - iriam deixar de ter distribuição diária de jornais, a partir de 2 de janeiro. Mais tarde, a administração da VASP anunciou que admitia interromper a distribuição diária de jornais nos distritos de Beja, Évora, Portalegre, Castelo Branco, Guarda, Viseu, Vila Real e Bragança.
Agora, Rui Moura esclarece à TSF que não há uma decisão tomada. "Os cenários de distribuição de imprensa diária estão permanentemente a ser analisados e vêm desde 2021/2022, a seguir à pandemia, quando houve uma redução e uma quebra significativa na venda dos jornais diários. E, portanto, nós estamos em permanência a fazer cenários", adianta.
A interrupção é, então, apenas um dos muitos "cenários que estão em cima da mesa", uma vez que a empresa, postos de venda e editores têm "arcado com os custos adicionais de distribuição desde 2021".
Esta sexta-feira, a Comunidade intermunicipal do Douro mostrou-se disponível para ajudar numa solução que assegura a distribuição de jornais no interior. Apesar de se mostrar "agradado" com a disponibilidade, o administrador sublinha que, em 2022, a Vasp já tinha enviado uma carta às 21 Comunidades Intermunicipais a alertar para o problema, mas diz não ter obtido qualquer resposta concreta.
"Nós colocámos isso em 2022 e pusemo-nos a falar e a abordar e suscitamos e sugerimos medidas, não apenas à Comunidade intermunicipal do Douro, mas a todas as todas as comunidades intermunicipais e às 250 câmaras municipais, das quais obtive quatro respostas em 250, que foram inconclusivas", revela.
Rui Moura avança igualmente que a administração tem "comunicado" com o Governo. Mais, acrescenta que os próprios editores e a Vasp "tiveram reuniões com a tutela", que também se têm mostrado ineficazes.
"Não tem havido respostas, que eu saiba, com que medidas relativamente a timings e relativamente ao que está em cima da mesa e daí uma grande dificuldade, inclusive de planear o ano de 2026", assume.
Uma das acusações feita à Vasp é de atuar em monopólio. No entanto, o administrador rejeita as críticas e lembra que a empresa é a única a atuar na distribuição porque todas as outras faliram.
Questionado pela TSF sobre esta tomada de posição, o diretor do Jornal de Notícias, Rafael Barbosa, um dos subscritores de um manifesto que alerta para os perigos do fim da distribuição no interior do país, entende que o documento pode ter contribuído para esta clivagem.
"A Vasp não pode pura e simplesmente tomar como anunciou uma decisão unilateral. Vejo com agrado que há esse recuo, que a estratégia será repensada e concluo, aliás, que isso significa que as ações que houve, entretanto, e nomeadamente o manifesto dos diretores dos jornais e das revistas, alguma influência há de ter tido nesse recuo e nesse repensar para se tentar encontrar uma solução que seja equilibrada e que, mais uma vez insisto, garanta que toda a população portuguesa tenha o mesmo direito à liberdade de imprensa e receber os jornais que entende e que quer escolher", atira.

