"Campanha enorme de instabilização." Rui Costa defende Schmidt de reação "completamente descabida" da Luz
Líder encarnado garante confiar no trabalho do alemão e revela que já chegou a ficar "muito mais desiludido" com algumas prestações do Benfica na última época do que com a do jogo desta sexta-feira.
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O presidente do Benfica, Rui Costa, veio este sábado a público defende o treinador encarnado, Roger Schmidt, dos fortes protestos que ouviu esta sexta-feira no estádio da Luz ao substituir João Neves quando as águias perdiam com o Farense, classificando-os de uma reação "completamente descabida" por parte dos adeptos.
"Não posso deixar de lamentar aquilo que aconteceu ontem, creio que em 120 anos de história do clube nunca se viu uma situação como a de ontem", apontou Rui Costa, que defende que "não é este o respeito" que treinador alemão merece, em especial por, depois de ter chegado no ano passado, ter conquistado "tanto em dois meses como o Benfica nos últimos quatro anos: campeonato e Supertaça".
Embora diga compreender "perfeitamente" os adeptos e as suas preocupações, o líder encarnado apontou como "completamente descabida a reação" que o estádio da Luz teve às decisões do treinador.
"Percebo que estávamos a perder o jogo em casa e que haja um nervosismo diferente, mas considero completamente descabida a reação que o estádio teve ao nosso treinador, merece o nosso respeito e consideração, e a nossa credibilidade", disse.
Além disto, Rui Costa denunciou ainda o que diz ser uma "campanha enorme de instabilização" do trabalho do alemão e garantiu que já ficou "muito mais desiludido com outras prestações, até no ano do título, do que com o jogo de ontem", que o Benfica acabou por empatar.
Rui Costa reagiu assim quando instado a comentar os incidentes no decorrer do jogo em casa com o Farense (1-1), da 13.ª jornada da I Liga, nomeadamente a contestação ao treinador por parte dos adeptos, que chegaram a atirar objetos na direção de Schmidt.
O responsável disse também compreender a preocupação dos adeptos por uma época que não está a correr como desejavam, especialmente em relação à Liga dos Campeões, competição em que a equipa já está eliminada e apenas pode aspirar à Liga Europa.
O presidente benfiquista considera que tem havido uma "campanha" desde o início da época contra o treinador e deu o exemplo das conferências de imprensa, da situação de se falar inglês ou português, dizendo não ter memória disso acontecer com outros treinadores estrangeiros que passaram por Portugal.
"Não me lembro de haver uma campanha contra um treinador estrangeiro por causa da língua", disse o dirigente.
Rui Costa justificou que a reação de adeptos é a de quem esperava outra classificação no campeonato neste momento, depois da anterior campanha, mas que a pergunta a fazer é o que é que já se perdeu internamente, das quatro competições a jogar.
"Temos a Supertaça ganha, no campeonato o máximo que pode acontecer, os nossos adversários diretos ainda não jogaram hoje, é ficar a quatro pontos do primeiro classificado, e pergunto quem perdeu um campeonato à 13.ª jornada?", questionou.
O responsável máximo das 'águias' reiterou que compreende e aceita a preocupação dos adeptos, porque gostariam de estar em primeiro lugar na I Liga, mas que custa mais a aceitar a reação contra o treinador.
"O treinador, como ser humano que é, sentiu-se desagrado com aquilo que aconteceu naquele momento do jogo. Tem muitos anos de futebol, compreende quando uma massa associativa está mais ou menos descontente, consequência dos resultados, mas o que se passou ontem é uma novidade para todos", acrescentou.
Rui Costa evitou reagir às palavras de Roger Schmidt, quando o treinador alemão deixou na sexta-feira a porta aberta a uma saída, ao dizer que se o problema era ele, daria espaço para que alguém fizesse melhor.
"É evidente que estava desiludido com duas situações: por não ganhar o jogo e pelo que aconteceu", disse Rui Costa, mas sem que em aberto esteja uma saída prematura do técnico, dizendo que é com este treinador que o Benfica vai continuar e conquistar mais títulos.
O dirigente lembrou que esses cenários nunca resultaram e que está tudo em aberto nos objetivos do clube, não há nada para quebrar projetos a meio do ano.
"Estou quase todos os dias com Roger Schmidt e ele sabe a confiança que tenho nele, não preciso de estar a apregoar à comunicação social a confiança que tenho no treinador do Benfica", reafirmou.
Rui Costa comentou ainda o gesto insultuoso de Arthur Cabral, dirigido a adeptos que estavam na garagem, apontando que o avançado brasileiro já pediu desculpas por isso e que também ele, enquanto presidente, também pede desculpa por isso.
Questionado em relação ao planeamento da época e às lacunas no plantel, Rui Costa disse que os jogadores foram escolhidos de forma criteriosa por toda a estrutura do futebol, desde a projeção, a treinadores e ao presidente.
"Entre a situação e o rendimento, pode ter a ver com a situação do jogador e não com o critério. E mesmo em relação ao Arthur Cabral, foi o melhor marcador da Liga Conferência e por onde passou fez golos em todo o lado, e teve rendimento altíssimo em todo o lado. Há questões de adaptação, há jogadores que não se conseguem adaptar tão rapidamente como outros, acontece em toda a parte. Se houve alguma falha, a última responsabilidade é minha e será sempre minha e não de mais ninguém", justificou.
Rui Costa disse ainda que o jogo com o Farense (1-1), com 36 tentativas de golo, mostra que a equipa está motivadíssima e do lado do treinador, também este motivado, sendo necessário reagir à adversidade.
"Nada está perdido à 13.ª jornada, com quatro pontos de avanço (do Sporting, se vencer hoje). Os últimos campeonatos dizem isso mesmo, até o último, em que chegámos a ter 10 pontos de avanço", argumentou.
O dirigente reiterou que Roger Schmidt vai continuar, que isso é certo, admitindo, quando questionado também, que o clube irá ao mercado de jogadores em janeiro.
"Este é o treinador que vai continuar no Benfica e que nos vai levar a outros títulos, nada está perdido em termos nacionais, daquilo que é a composição da época, com Supertaça ganha, duas taças ainda a serem disputadas em pleno e o campeonato, que, no máximo, podemos ficar hoje a quatro pontos e que vamos lutar até à última jornada (...). Haverá reforços em janeiro", finalizou.
Sobre o futuro, revelou que a equipa vai ser reforçada em janeiro.