O motard português Paulo Gonçalves, campeão do mundo de todo-o-terreno, criticou hoje a organização do rali Dakar, do qual desistiu, por sujeitar os pilotos a condições extremas.
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«Em dia de descanso na mais dura prova de motores, do Mundo, é impossível desviar-se as atenções da fatídica quinta etapa. O calor atingiu limites impensáveis (47ºC) e deixou marcas», começou por dizer Paulo Gonçalves, recordando a morte do belga Eric Palante, que se suspeita ter sido causada pelo calor extremo e desidratação.
De acordo com o motard português, ao contrário de Palante, outros pilotos pediram ajuda à organização, sendo resgatados de helicóptero, «quase a desfalecer, com as elevadas temperaturas».
«Mas, depois da tragédia, chegam os mais insólitos relatos. É que vários pilotos tiveram alucinações», contou Gonçalves.
Segundo o campeão do mundo de todo-o-terreno, alguns, depois de emitirem o alerta, protegeram-se do calor com as roupas e aguardaram, enquanto outros, quando foram alcançados por equipas da organização do Dakar, «falavam e cumprimentavam pessoas do público... imaginárias».
«O caso mais estranho foi de um piloto, que a organização não revela o nome, que correu cerca de 500 metros. Quando foi 'resgatado' disse que estava a fugir de extraterrestres, que o vinham a perseguir», relatou.
Paulo Gonçalves foi forçado a desistir do Dakar uma vez que a sua moto pegou fogo durante a etapa.