De uma cidade de hóquei, Artem Nych seguiu as pedaladas do pai para liderar a Volta a Portugal
À TSF, o ciclista russo afirma que é importante treinar no dia de descanso para não ter quebras.
Corpo do artigo
O ciclista russo Artem Nych é o atual líder da Volta a Portugal, quando já se correram sete etapas da prova. No dia de descanso, o corredor da Glassdrive Q8 Anicolor deixou a camisola amarela no quarto de hotel e vestiu a da equipa para fazer um treino de 65 quilómetros com os colegas.
"Estou um pouco cansado, o que é normal. Já fizemos seis dias. Hoje é descansar, treinar pouco e prepararmo-nos para três dias duríssimos. É importante treinar no dia de descanso. Se não treinar, é muito perigoso", explica o ciclista à TSF.
TSF\audio\2023\08\noticias\16\tiago_santos_13_h
O objetivo é não ter um dia mau, o que numa prova de duas semanas pode ser o suficiente para dizer adeus aos objetivos para a classificação geral. Com quatro etapas para correr, Artem Nych lidera a Volta a Portugal tem 27 segundos de vantagem sobre Delio Fernández e meio minuto para Colin Stüssi.
O caminho para se tornar ciclista profissional não foi muito linear, mas teve uma inspiração: "O meu pai também correu no passado e eu tento continuar."
Nych nasceu em Kemerovo, na região russa da Sibéria, um local difícil para a prática do ciclismo.
"Tem poucos ciclistas, porque não tem boas condições para treinar e essas coisas. Na minha cidade, o desporto mais praticado é o hóquei [no gelo]", explica o corredor.
O russo de 28 anos é profissional desde 2014. Durante toda a carreira representou equipas russas. Começou na Russian Helicopters e depois passou para a Gazprom-Rusvelo, onde esteve até ao ano passado.
Contudo, a Guerra na Ucrânia levou a que a Federação Russa fosse banida das provas internacionais. Artem Nych foi obrigado a procurar novas estradas para prosseguir a carreira e encontrou-as em Portugal.
Com 1,95 metros, gigante para os padrões do ciclismo, o russo chegou este ano a Portugal e já soma alguns bons resultados. Venceu o GP Beiras e Serra da Estrela e foi segundo classificado no GP Internacional Torres Vedras - Trofeu Joaquim Agostinho. Assim, Portugal está a saber-lhe bem e não é só pelas vitórias.
"Gosto de bacalhau e também de pastel de nata, broa de mel. Muitas coisas, como as pessoas normais", revela o ciclista entre risos.
16863521
Os companheiros de equipa também ajudam e até já andam a tentar aprender algumas coisas do idioma russo: "Sim, sim. Os meus companheiros de equipa aprenderam um pouco de russo, mas o russo também é muito difícil, como o português. Eu estou feliz nesta equipa, é uma família."
A camisola amarela ficou esta quarta-feira guardada no hotel, mas está sempre no pensamento de Artem Nych. Sobram quatro dias de Volta a Portugal, onde o pelotão vai ter chegadas na Serra do Larouco e na Senhora da Graça, culminando com um contrarrelógio em Viana do Castelo, cujo final é a subida até ao Santuário de Santa Luzia. Esta quinta-feira sobe-se o Larouco, numa etapa que parte de Torre de Moncorvo e percorre 162,6 quilómetros até Montalegre.