O árbitro internacional não reconhece vantagens no método aprovado ontem pela Liga de Clubes. À TSF afirma que não há no futebol profissional, em toda a Europa, um mecanismo semelhante e considera que é um voto de desconfiança ao trabalho do Conselho de Arbitragem.
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Duarte Gomes respeita a decisão dos clubes, mas não concorda com o sorteio dos árbitros. No seu entender, não existirão melhorias objetivas no sector, admitindo que existiriam outras formas de continuar a tentar minimizar o erro de quem dirige jogos de futebol.
"É um tratamento para alguns dos sintomas, mas não uma cura para alguns dos problemas. Não é possível sortearem-se árbitros, quando para cada jogo, é necessário ter-se em conta a personalidade do árbitro, o seu momento de forma, e as suas caracteristicas. No fundo, são as mesmas opções que um determinado treinador faz, quando em determinado jogo, coloca determinado onze em campo. Estar a escolher de forma aleetória um conjunto de árbitros para um conjunto de jogos, sem ter em conta esses aspetos, é um erro crasso que não terá qulquer efeito. Vou ser muito sincero, com todo o respeito que tennho pelos clubes e pela sua legitima decisão, espero que não seja aprovado pela assembleia geral da federação", afirmou o árbitro internacional.
Nesta entrevista à TSF, Duarte Gomes traçou um paralelo com a forma como as escolhas são feitas noutras áreas do futebol, e com as instâncias que tutelam o futebol internacional, para justificar a sua opinião.
«Nenhum treinador gostaria de ser sorteado pelo seu dirigente, nenhum jogador gostaria de ser sorteado pelo seu treinador. Não conheço na arbitragem europeia ao mais alto nível, nenhum campeonato onde se sorteiem árbitros. A comissão de arbitragem da UEFA, não sorteia árbitros. Faz-me confusão que alguns clubes possam pensar, exceto se estão a dar um voto de desconfiança ao conselho de arbitragem, que possa haver alguma melhoria pelo facto de haver uma alteração com o sistema de designação».
Ainda segundo o árbitro internacional, o passado já provou que o sorteio não funciona e acaba por ser uma fraude.
«Esta medida foi tentada no tempo do major Valentim Loureiro. Na altura, as limitações a um sorteio condicionado durante a época foram tantas, que chegamos a ter o caricato de haver apenas uma bola para um jogo. Se isto é um sorteio, diria que é um sorteio mascarado de fraude», concluiu Duarte Gomes.