O havaiano Garrett McNamara assumiu ontem que talvez não surfasse a onda que provocou a queda de Maya Gabeira, na segunda-feira, na Praia do Norte, e elogiou a surfista brasileira.
Corpo do artigo
«A onda da Maya foi enorme, foi uma das maiores do dia e surfou-a tão bem como qualquer pessoa a poderia surfar, fez tudo o que lhe era possível para concretizar a onda, que era tão selvagem, com tantos sobressaltos e tão rápida, que eu, honestamente, não sei me teria feito àquela onda e não sei se muitos surfistas se fariam àquela onda. O que ela fez foi fantástico, para mim a Maya foi uma supermulher, para mim é a super-Maya», afirmou Garrett McNamara.
[youtube:q1mMk1rZEi8]
O havaiano, que surfou em 28 de janeiro de 2013 uma onda que se acredita possa ter chegado aos 30 metros, também na Praia do Norte, reconheceu que o incidente que afetou a surfista brasileira foi «uma grande infelicidade», advertindo que «se a preparação e as condições de segurança necessárias estivessem em funcionamento não lhe aconteceria».
«A preparação e os procedimentos de segurança são a chave para o sucesso em qualquer situação. Eles não tinham uma equipa adequada e uma equipa de segurança adequada», rematou McNamara, na Escola Superior de Desporto de Rio Maior.
À margem de uma conferência em que abordou o tema da segurança na sua atividade, o havaiano, de 46 anos, explicou as exigências das ondas na Praia do Norte.
«A Nazaré é muito desafiante, mas necessita de algo que não é preciso no resto da Europa, como um jet-ski, um jet-ski de prevenção, ter pessoas para os conduzir, pessoas para observar na costa. A maioria das pessoas não percebe que a Nazaré é totalmente diferente do que qualquer outra coisa que tenha surfado», salientou.
No entanto, McNamara enalteceu a capacidade demonstrada pela surfista brasileira, que venceu cinco vezes o galardão feminino para ondas gigantes, nos prémios Billabong XXL.
«A Maya treina melhor do que qualquer pessoa que treine para isto. Ela está perfeitamente em forma para o que quer fazer, ela preparou-se devidamente, estava pronta e ela conseguiu. Eu nunca vi ninguém fazer o que ela fez e sobreviver, foi impressionante, graças ao facto de estar em tão boa forma. Um surfista mediano não sobreviveria, mesmo um surfista preparado para isso poderia não sobreviver, mas com a equipa de segurança certa e com o equipamento certo qualquer um sobreviveria», garantiu.
McNamara recusou qualquer tipo de rivalidade com o brasileiro Carlos Burle, que poderá ter surfado na segunda-feira uma onda de maior dimensão do que a sua, preferindo destacar os benefícios obtidos para a vila.
«Eu convidei-os no ano passado e fiquei muito contente por vê-los cá este ano. É fantástico para a Nazaré e para Portugal ver mais pessoas virem e chamarem a atenção para mais pessoas virem. O nosso objetivo foi conseguido e superado 10 vezes, mais do que podíamos sonhar, para sucesso da Nazaré», concluiu.
Em 1 de novembro de 2011, McNamara bateu pela primeira vez o recorde da maior onda surfada, com um registo certificado pela Guiness World Records. Esta mesma onda valeu-lhe o prémio de maior onda da competição Billabong XXL Global BigWave Awards.