Garantia do ex-coordenador da academia que formou Gyökeres: "Ida para Sporting foi jogada inteligente"
Andreas Engelmark conhece Viktor Gyökeres desde o início da adolescência do avançado. Engelmark recorda a confiança de Viktor, a força física, mas também os exercícios que faziam nos treinos. "Tinha de conduzir a bola e rematar em movimento." Como fez contra a Bélgica ou contra o Benfica.
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Andreas Engelmark não esconde o orgulho ao olhar para a ficha de jogo da seleção da Suécia na jornada número nove da qualificação para o Europeu de 2024. No Azerbaijão, o selecionador nacional sueco colocou a par Viktor Gyökeres e Dejan Kulusevski, craques de Sporting e Tottenham. "Recordo-me de um jogo, penso que nos juvenis, em que jogaram juntos. Viktor e Dejan tinham dois anos de diferença, mas vinham da mesma escola." Andreas era então coordenador da Academia do Idrottsföreningen Brommapojkarna (numa forma mais simples, também conhecido por BP), clube de Estocolmo.
"Conheço o Viktor desde que ele tinha 13 ou 14 anos. Nessa altura nós tínhamos um programa em que íamos às escolas trabalhar com os jovens. Viktor [nascido em 1998] demorou algum tempo até ir para a nossa academia, talvez por volta dos 15 ou 16 anos. Ele jogava por um clube mais pequeno na altura, mas andava na mesma escola que outros jovens que já eram nossos jogadores. Nessa altura surgiu também (mais jovem) Dejan Kulusevksi [nascido em 2000]", recorda o técnico de futebol sueco que continua a trabalhar no Brommapojkarna.
A capacidade física de Viktor Gyökeres fazia o jovem avançado destacar-se. "Já era aquilo que podem ver hoje: forte fisicamente, um jogador que tem grande confiança nele mesmo, que joga convicto de que vai marcar. Por isso, sempre foi alguém com quem era fácil trabalhar. Num determinado momento percebemos que ele estava a levar o trabalho nos treinos a sério, que queria ser um atleta profissional. Deu um passo em frente no que diz respeito à ética de trabalho, nos cuidados com a vida fora de campo ou a preocupação com o trabalho de ginásio. E sempre foi alguém com uma atitude muito positiva."
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O pormenor de uma corrida imparável
"Você deve ter visto aquele golo do Viktor [Gyökeres] à Bélgica. Recordo-me que ele fez um dia um golo muito parecido. Já estava na equipa principal, mas na altura estávamos a jogar a 3ª divisão da Suécia. Ele apanhou a bola no nosso meio campo e foi a correr até à outra baliza. Tinha só 19 anos, e claro, o nível a que estava a jogar era bem diferente. Mas são golos muito parecidos."
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Andreas Engelmark também viu o golo de Gyökeres no dérbi com o Benfica. "Nos treinos da formação, quando ele tinha 15, 16 ou 17 anos, trabalhávamos muito com ele a condução da bola e a finalização. Como podem ver hoje, ele consegue agarrar na bola, leva-la para a frente e, durante o movimento, finalizar sem que a bola pare. Esse era um pormenor que já nessa altura tentávamos apurar no jogo dele", comenta o treinador de futebol.
Se o BP andava pela 2.ª e 3.ª divisão nos primeiros anos de Gyökeres como futebolista sénior, a oportunidade de sair para o Brighton mostrou-se demasiado aliciante para o sueco recusar. Gyökeres nunca se impôs na equipa principal do clube do sul do Reino Unido. "Quando um clube de uma grande liga quer um jogador é difícil dizer que não. Acho que o Viktor soube aproveitar as oportunidades que foram surgindo. Jogou na Alemanha [St. Pauli], mas também no Coventry [City]. Conseguiu ir melhorando a cada passo."
Portugal como destino improvável
"Para ser franco não me passava pela cabeça que a Liga portuguesa fosse uma opção. Mas estamos a falar de um grande clube [Sporting]. Acredito que foi uma jogada inteligente da parte dele porque escolheu um clube que de facto o queria na equipa, que lhe dava a oportunidade de jogar muitos encontros. Se fosse para um grande clube da Premier League corria o risco de ficar alguns jogos no banco. Foi uma escolha inteligente e que ainda permitiu que possa jogar nas provas europeias", resume Andreas Engelmark. "Se continuar neste caminho tenho a certeza que vai chegar, mais tarde ou mais cedo, a um dos maiores clubes da Europa."
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Na Suécia, o nome de Gyökeres anda na boca de quem gosta de futebol. Nos últimos anos muita gente falou de Alexander Isak e de Dejan Kulusevski. Mas Viktor já mostrou o nível a que pode jogar.
"Ele vai ser o número 9 da seleção nos próximos anos, até porque possivelmente vão jogar com dois avançados, e ele vai ser um deles. O selecionador vai ter de encontrar o papel certo para Isak, Kulusevski e Gyökeres. Ele é, na minha opinião, o parceiro perfeito, porque é forte, pode segurar a bola, mas também pode baixar no terreno e jogar de uma forma mais direta. Isak e Kulusevksi são jogadores de combinação, jogadores diferentes", sublinha.
Engelmark está no BP há 11 anos. Por lá passaram outros nomes da seleção sueca como John Guidetti ou Albin Ekdal. O clube de Estocolmo tem-se relevado um dos mais importantes no que diz respeito à formação de jogadores.
"Temos uma base de recontrumento larga. Os treinos são duros, sempre permitindo que os jovens se divertiram mas, com a responsabilidade do treino (...) queremos que jogadores como o Viktor ou Dejan sintam que podem chegar a um nível de elite. Mesmo que este não seja o clube com mais dinheiro na Suécia. Nós não temos o mesmo dinheiro que o Malmo, por exemplo. Talvez aqui na Suécia tenhamos começado mais tarde a trabalhar na formação, ao contrário do que, pelo que conheço, aconteceu aí em Portugal com as academias."
Kulusevski e Gyökeres vão continuar a jogar juntos, acredita Andreas Engelmark. São um bom exemplo para os jovens do Idrottsföreningen Brommapojkarna.