Descobriu Ronaldo, Figo e Futre. Aurélio Pereira recorda com emoção longa carreira que "valeu a pena"
O antigo observador do Sporting conta à TSF as emoções que viveu na "Gala das Quinas" da Federação Portuguesa de Futebol, explica a diferença entre ser olheiro e observador e fala da "longa viagem" que foi a carreira.
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Há uma diferença entre ser olheiro e observador. Aurélio Pereira, o senhor formação, gosta de distinguir os dois conceitos e vota no segundo, porque "há quem veja e há o outro que olha", diz em entrevista à TSF. O caçador de talentos do Sporting foi, esta segunda-feira, distinguido na gala "Quinas de Ouro" pelo trabalho que desenvolveu ao longo da carreira de 50 anos e ainda se sente emocionado com a homenagem.
"Foi com alguma emoção que recebi o prémio. É sempre bom a gente ver o nosso trabalho reconhecido, muito embora eu divida por todos aqueles que comigo trabalharam ao longo de 50 anos. Estou grato às pessoas todas que me que me apoiaram", afirma Aurélio Pereira, à TSF.
Foi uma longa carreira e, nos tempos de sucesso de Aurélio Pereira, as coisas eram bem diferentes do que são hoje. Os clubes não estavam tão apetrechados de equipas de observação e até os conceitos mudaram. Um olheiro do antigamente, é um elemento do departamento de scountig dos dias de hoje: "É um nome mais moderno, não é?", aponta Aurélio Pereira, antes de dizer: "Eu preferia chamar observadores do que olheiros. Há quem veja e há o outro que olha. É uma diferença muito importante", esclarece o senhor formação.
Aurélio Pereira olha para trás e sente-se orgulhoso daquilo que construiu: "Trabalhei com mais de 200 observadores, foi uma longa viagem, mas, pronto, valeu a pena, como dizia a canção."
Descobriu Paulo Futre, Luís Figo, Ricardo Quaresma, Nani e Cristiano Ronaldo. Dois deles são bolas de Ouro, mas apesar de reconhecer que há muitos jovens com grande qualidade a aparecer, o antigo observador avisa que "nem todos podem ter sucesso, depende muito também das capacidades psicológicas que tenham, porque é a formação é uma arma fantástica para poderem aparecer miúdos depois transformados em Quaresmas, em Figos, em Ronaldos... há muito caminho percorrer."
Na seleção portuguesa têm aparecidos jovens talentos como Gonçalo Inácio e João Neves e, sem querer detalhar muito sobre cada um nesta conversa com a TSF, Aurélio Pereira sublinha que as internacionalizações numa idade tenra "é muito bom para os jogadores sentirem que acreditam neles. Isso é fantástico."