Missão Surdolímpica em Belém: Marcelo celebra medalhas e "mudança de mentalidade" no desporto

José Sena Goulão/Lusa
Portugal celebra a melhor participação de sempre nos Jogos Surdolímpicos: seis medalhas, nove diplomas e recordes pessoais, com os atletas recebidos esta sexta-feira pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, no Palácio de Belém
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A cerimónia começou com uma intervenção do presidente do Comité Paralímpico, José Manuel Lourenço, que lembrou: "O senhor Presidente, quando foi da receção de despedida, convidou-nos a bater à sua porta quando regressássemos de Tóquio e estamos hoje a regressar e o que é facto é que não foi preciso bater à porta, a porta estava aberta."
"São os melhores resultados de sempre, sem qualquer dúvida, com uma missão que não é muito longa: 13 atletas, cinco modalidades e conquistámos seis medalhas, três de ouro, duas de prata e uma de bronze. É um resultado muito significativo e que penso que justifica aquilo que é o investimento público feito nesta dimensão desportiva", destacou.
E, se dúvidas houvesse, Marcelo Rebelo de Sousa fez questão de confirmar: "Caríssimo Presidente, bem me dizia que cá voltava. Não foi antes porque não chegaram antes. O prometido é devido. Estão imparáveis. Estão verdadeiramente imparáveis. Isto é ótimo para Portugal."
O chefe de Estado - que esta sexta-feira recebeu atletas surdolímpicos, paralímpicos e um olímpico em Belém - destacou ainda que a conquista vai muito além das medalhas: "Há uma mudança de mentalidade, uma mudança cultural que se está a dar na vida portuguesa."
"Não havia isso que é abrir os telejornais, abrir os jornais noticiosos. No meio das guerras do mundo, no meio dos problemas, orçamento... E o que é facto é que os Surdolímpicos passaram a ser o dia-a-dia (...) Quem são os heróis? Os heróis são vocês", sublinhou.
Feita a história, Marcelo Rebelo de Sousa condecorou os atletas com a insígnia de Grande Oficial Ordem do Mérito.
"Estou muito grata por poder estar aqui e logicamente por ter este reconhecimento por parte da Presidência da República. É de facto muito especial poder sentir que temos o apoio de toda a sociedade. Segundo o que ouvi dizer, fez algum barulho cá em Portugal e, portanto, é muito especial poder transmitir que a comunidade surda também consegue fazer coisas muito bonitas lá fora", revelou à TSF Margarida Silva meio-fundista de 25 anos que escreveu história no atletismo ao tornar-se na primeira portuguesa a conquistar uma medalha de ouro para o atletismo em Jogos Surdolímpicos.
Já Francisco Laranjeira - que se estreou na competição depois de ter sido atropelado e ficado de fora dos Jogos de Caxias de Sul - sublinhou que a experiência no Japão foi "como se estivesse em casa". "Nunca me vou esquecer deste momento. Temos apoio tanto cá como lá fora."
