No ano em que assumiu a surdez, Margarida Silva fez história: "A prova foi feita para mim e a ponta final tinha de ser minha"

No ano em que assumiu a surdez, a atleta Margarida Silva fez história numa prova que foi "feita" para ela. Em declarações à TSF, a desportista admite marcar presença nos próximos jogos Surdolímpicos, depois de vencer a segunda medalha de ouro na edição deste ano do campeonato, que decorre em Tóquio, no Japão.

Ouvida pela TSF, Margarida Silva explica que vai "redefinir objetivos", mas, por enquanto, "o objetivo principal é descansar durante as próximas duas semanas". E porque "ganhar medalhas é um vício" e "o dom do atleta é nunca estar satisfeito e ir sempre à procura de mais e melhor", a desportista admite já que quer estar presente nos próximos jogos Surdolímpicos.

Margarida Silva conquistou a segunda medalha de ouro esta segunda-feira, a segunda de ouro da atleta portuguesa na competição, depois de ter vencido a corrida de 800 metros, no domingo. Na primeira vitória, terminou a prova emocionada, a chorar, mas, à segunda, não conteve o sorriso. "Foi um bocadinho irónico ter aqui um segundo ouro, porque a prova foi feita para mim (foi uma prova muito lenta) e a ponta final tinha de ser minha", explica Margarida.

É a primeira vez que a atleta compete em Jogos Surdolímpicos, pois só assumiu a surdez cerca de um ano antes da prova. Margarida Silva acredita, por isso, que a sua história pode passar uma mensagem importante para outros atletas.

"Quero acreditar que existem mais pessoas que, no fundo, podem inspirar-se um bocadinho na minha história e, tal como eu, assumir a sua condição para competir na modalidade correta, que é a modalidade surdolímpica. Às vezes temos muito medo da forma como os outros podem reagir e, na verdade, podemos estar a privar-nos de coisas tão boas como esta", avisa.

Margarida Silva já conquistou três medalhas nestes Jogos Surdolímpicos de Tóquio: duas de ouro e uma de prata, nos 1500 metros. Os Jogos Surdolímpicos de 2025 terminam no dia 26 de novembro.