Mundiais de hip-hop terminam com bailarinos portugueses no top 20 e um no pódio
"Um sonho tornado realidade" e uma "prestação muito positiva". Portugal levou dez grupos de seis escolas diferentes até aos Estados Unidos.
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Não é uma modalidade federada e as equipas competem individualmente, mas, rumo aos Estados Unidos, a mentalidade dos bailarinos de hip-hop era só uma: "Team Portugal." A representar o país nos mundiais de danças urbanas, a seleção portuguesa terminou a prestação em Phoenix, Arizona, com uma das crews destacadas no top 20 e com um bailarino medalhado com prata.
"É uma prestação muito positiva", disse à TSF a organização do Hip-Hop Internacional (HHI) português, acrescentado que "está criada a estrutura" para no próximo ano irem "mais fortes".
"Neste campeonato do mundo de crews de hip-hop, estão representados os melhores grupos de streetdance do mundo, competindo em diferentes categorias. A Team Portugal é constituída por dez grupos de seis escolas diferentes", explicou.
O campeonato começou dia 1 de agosto para os mais novos. As atuações dos Lil'Monsterz e os R&D Newbies, nas pré-eliminatórias, encheram a comitiva de "muito orgulho" com um 28.º e 32.º lugar, respetivamente, num total de 42 equipas em competição.
Durante os dois dias seguintes, subiram a palco as crews das categorias varsity, adulto, JV Mega Crew e Minicrew. Destas, três elevaram a fasquia. Os Jukebox Crew, os R&D Gang e os Community apuraram-se para as semifinais, uma missão, considerada pela organização do HHI "extremamente difícil".
A luta por um lugar nas finais aconteceu no dia 4 agosto, sexta-feira. Portugal não se apurou para a última fase, mas conquistou lugares de destaque nas tabelas de qualificação.
Nas pré-eliminatórias, os Jukebox Crew (categoria adulto) ficaram em 29.º lugar, num total de 67 equipas, tendo conseguido melhorar a prestação nas semifinais e terminado em 27.º.
No escalão abaixo (varsity), os campeões nacionais R&D Gang ficaram no top 20 mundial, num total de 71 equipas. Também os bailarinos dos Community, com idades compreendidas entre os 13 e os 17 anos, conseguiram luz verde para as semifinais e acabaram a jornada nos Estados Unidos em 28.º lugar.
"É um sonho tornado realidade. Saber que tive a oportunidade de representar o meu país e orgulhar quem me apoiou", pode ler-se numa partilha da escola R&D, do testemunho da atleta Marta Bastos.
Mas a experiência para Portugal não ficou por aqui. O complexo de Phoenix recebeu ainda as batalhas - 1x1 All Styles -, no dia 5 de agosto (sábado), com um bailarino luso a alcançar o 2.º lugar.
"Comecei o dia sem expectativas, nem sequer pensei que passaria das pré-eliminatórias. Nunca imaginei chegar ao top 2", escreveu Guilherme Pereira nas redes sociais.
Da Team Portugal fizeram parte ainda os All About Dance Unity (categoria JV Mega); RP Scream (em varsity); RP Femme (adulto) e os Community (em adulto e megacrew).
Para o futuro, "o mindset dos grupos nacionais tem de crescer ao nível do grau de disciplina e entrega", sublinhou o HHI português, acrescentando que "os apoios têm de existir".
Em entrevista à TSF, os treinadores já tinham considerado o HHI português como "o melhor a nível europeu". Mas a boa vontade não é suficiente, havendo ainda "um grande caminho a percorrer", a começar no combate ao "desconhecimento sobre o que é que são efetivamente as danças urbanas". Além disso, fazer evoluir o hip-hop em Portugal passa também por tornar esta modalidade federada, como já acontece com o breaking desde 2020.
Os 40 mil euros necessários para realizar a viagem até aos Estados Unidos foram conseguidos pelas escolas através de dinheiro próprio, angariações de fundos e outras iniciativas organizadas pelos atletas.
"Se apoiarmos os campeonatos, os atletas também vão estar inseridos num contexto competitivo e apelativo e isso também vai fazer com que eles evoluam", sublinhou o HHI Portugal.
O Hip Hop International é uma competição de dança urbanas que acontece em Portugal desde 2015, no Complexo Municipal de Ténis da Maia, no distrito do Porto. As cinco melhores crews de cada escalão oficial asseguram a oportunidade de participar no World Hip Hop Dance Championship, um campeonato que junta mais de três mil bailarinos de mais de 55 países de todo o mundo, todos "igualmente apaixonados pela cultura hip-hop e pela dança".