"Para não acabarem na droga ou na prostituição." Sindicato expõe casos de tráfico humano no desporto
O Sindicato de Jogadores vai denunciar casos na área do tráfico humano, auxílio à imigração ilegal e burlas no mundo do desporto.
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O Sindicato de Jogadores Profissionais de Futebol (SJPF) vai apresentar à Polícia Judiciária (PJ) o balanço da atividade de tráfico humano no desporto português, entre 2015 e 2023, para que a partir de agora as autoridades assumam competência exclusiva na matéria. À TSF, o presidente do Sindicato de Jogadores, Joaquim Evangelista, avança que o "Dossier Tráfico Humano" também será entregue aos grupos Parlamentares e outros organismos desportivos, públicos e privados, interessados em agir em defesa dos direitos humanos.
"Isto não é aceitável no nosso país, num país civilizado", começa por lamentar Joaquim Evangelista.
"Estamos a falar de direitos humanos e de um dos valores mais importantes que é direito à infância, retirado a estes jovens quando se lhes promete o sonho e se lhes oferece o pesadelo. E o mais grave é que isto acontece no nosso país à frente de todos e com a cumplicidade de muita gente, inclusive jogadores, dirigentes e treinadores", acrescenta.
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O presidente do SJPF apela a uma "cidadania desportiva" e alerta que é preciso que o Governo crie mecanismos para evitar situações de tráfico humano.
"Temos que sinalizar estes fenómenos na origem, evitar que eles progridam, ou seja, nós não podemos permitir que os jogadores sejam abandonados e que frágeis e abandonados procurem alternativas na prostituição ou droga. E é isso que está a acontecer", afirma.
Joaquim Evangelista lembra que o caso BSports despertou na sociedade uma preocupação enorme, mas lamenta que o assunto tenha "caído no esquecimento".
"Este é um fenómeno que não é novo e que não se resume a um fenómeno isolado", diz o presidente do sindicato, advertindo que "as vítimas não são números, têm rosto".
A investigação "Dossier Tráfico Humano" vai ser apresentada, esta quarta-feira, pelo SJPF na sede da PJ, que "será um grande aliado nesta matéria", garante Joaquim Evangelista.
Em cima da mesa estão ainda outras iniciativas do sindicato, como a apresentação de "um manual de entrada e acolhimento dos jogadores estrangeiros em Portugal" ou a criação de uma plataforma online para denunciar e sinalizar estes casos."
"É importante que saibamos todos como é que este fenómeno se desenvolveu e ainda se desenvolve no país", conclui Joaquim Evangelista.
O documento vai ser traduzido e entregue a organizações internacionais.