UEFA é "principal responsável". Brandão Rodrigues entregou relatório sobre final da Champions de 2022
Equipa do antigo ministro identificou sobretudo problemas com a forma como foi montado o esquema de segurança do jogo.
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O órgão máximo do futebol europeu, a UEFA, já recebeu o relatório elaborado por uma equipa chefiada pelo antigo ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, sobre os problemas na organização da final da Liga dos Campeões de 2022, que opôs Real Madrid e Liverpool.
A investigação liderada pelo português conclui que a UEFA é a "principal responsável" pelos acontecimentos e encontrou "duas falhas organizacionais" que se relacionam entre si: o primeiro é o modelo de organização do evento e o segundo é o modelo de segurança escolhido para o mesmo.
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O que levou a que o evento corresse "tão desastrosamente mal", como se lê no relatório, começa numa "ausência de controlo global e de supervisão da segurança e proteção" dos participantes.
Além disto, "o modelo de segurança e serviços" estabelecido anteriormente, "foi ignorado a favor de uma abordagem securitizada" e que se baseou no pressuposto de que os adeptos do Liverpool "representavam ameaças significativas para a ordem pública".
O problema, de acordo com o painel que elaborou o relatório, foi a colagem dos adeptos ingleses à tragédia de Hillsborough, em 1989, e aos hooligans.
"Este equívoco inexplicável resultou numa abordagem de policiamento que não teve capacidade de envolvimento, e que não conseguiu integrar-se num quadro multiagências", lê-se no documento.
A vasta lista de conclusões do comité de investigação independente, liderado por Brandão Rodrigues, elenca a má gestão do volume de pessoas a chegar pelas várias entradas do recinto, defeitos nos acessos, grupos de locais que atacaram adeptos, tentando provocar confrontos, o mau policiamento e a falta de planos de contingência.
A mudança abrupta do local de realização, de São Petersburgo (devido à guerra na Ucrânia) para Paris, foi outro fator apontado, além de questões como a bilhética, de um sistema duplo que introduziu confusão e problemas aos bilhetes falsos e a tentativa de forçar entrada por pessoas sem bilhete, são críticas deixadas no penúltimo capítulo do documento, ainda que a questão quanto a ingressos forjados (ou inexistentes) não seja conclusiva quanto à importância na disrupção do evento.
O comité deixa um total de 21 recomendações fundamentadas para UEFA e autoridades, depois de ficar claro, quanto aos incidentes no Stade de France, que "o ocorrido na final da 'Champions' foi largamente o resultado de mau planeamento, falta de supervisão, pobre interoperabilidade entre os vários 'stakeholders' e falta de contingências".
A transparência, melhores práticas de cooperação, supervisão e vigilância, bem como de auto-escrutínio por parte dos organismos competentes, integram a lista de recomendações ao organismo de cúpula do futebol europeu, com outras, relativas à resposta de segurança e ordem pública, deixadas à polícia e à autarquia de Paris.
A UEFA diz estar a "analisar" as conclusões do relatório e a compará-las "com a sua própria análise da organização do evento".