"Um escândalo." Ciclistas que não recebem prémios desde 2018 ameaçam recorrer à justiça
Em declarações à TSF, Paulo Couto esclarece que a Federação de Ciclismo já chegou a acordo com dois dos organizadores para o pagamento de prémios em falta.
Corpo do artigo
A Associação Portuguesa de Ciclistas Profissionais (APCP) ameaçou fazer queixa à União Ciclista Internacional (UCI), caso alguns organizadores de provas em Portugal continuem sem pagar prémios devidos aos corredores.
"A Associação Portuguesa de Ciclistas Profissionais pondera apresentar queixa junto da União Ciclista Internacional e queixa judicial contra os organizadores que continuam sem pagar os prémios aos corredores dos anos 2018, 2019 e 2021", lê-se num comunicado do organismo, enviado à Lusa.
No mesmo comunicado, a APCP anunciou ter chegado a acordo com a Global Media para o pagamento dos prémios do GP Jornal de Notícias de 2022, que será pago em prestações até ao final de 2023.
"De igual forma conseguiu um acordo com a empresa Podium antes do início da última Volta a Portugal para o pagamento dos prémios da Volta edição 2022, a ser pago até o final do mês de setembro", refere a associação.
Em declarações à TSF, Paulo Couto, presidente da APCP esclarece que "o organizador tem até três meses após a realização da prova para pagar a totalidade dos prémios".
"Caso contrário, tem que apresentar no início da prova uma garantia bancária para poder ser acionada. Portanto, assim como se tem que pagar aos árbitros, como tem que se pagar as estruturas aos médicos, às equipas, subsídios diários, os corredores também têm que receber esses prémios e têm esses prazos para receberem", adianta.
TSF\audio\2023\08\noticias\24\dora_pires_12h
Paulo Couto explica que há prémios em atraso desde 2018. A Federação de Ciclismo está a negociar com os organizadores, mas, para já, só há acordo com dois deles para pagarem o prémio devido do ano passado.
"Temos feito esforços junto das organizações e foi o caso da Volta a Portugal e agora também do Grande Prémio Jornal de Notícias, que vai iniciar-se agora no próximo dia 2, em que conseguimos um acordo com essas duas entidades para pagar os prémios. Há atrasos de outras [entidades] de 2018, 2019 e 2021 e sinceramente é um escândalo os corredores terem esses prémios em atraso", defende.
Os valores em dívida chegam a algumas dezenas de milhares de euros, o que pode não parecer muito para alguns, mas, diz Paulo Couto, é bastante para quem espera pelo prémio.
"Faz muita diferença porque é um rendimento extra que eles têm aos salários, que, já de si, na grande maioria dos casos, pouco mais é do que um salário mínimo, portanto, esse dinheiro no final do ano é muito importante para a economia familiar de cada ciclista", acrescenta.
Além de complemento ao vencimento, os prémios também são um incentivo a puxar pelos pedais.