Portugal tem pela frente, este sábado, um dos jogos mais difíceis dos últimos tempos, contra a seleção uruguaia. Das incertezas do "fado" nacional, há um dado adquirido imutável: quem perder, está fora.
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O futebol tem vindo, ao longo dos anos, a remeter-se para uma área mais científica do que propriamente ocasional. Já não se ganham jogos por acaso. O "foi sorte" ou o "nem sabem como ganharam" são termos em vias de extinção.
Conceitos levados ao extremo e até mediatizados por treinadores como José Mourinho, Pep Guardiola, Jürgen Klopp, Maurizio Sarri ou até Jorge Sampaoli, selecionador da Argentina e Diego Simeone, "irmão gémeo" de Óscar Tabárez, são os alicerces de uma clivagem profunda no jogo, quer na forma, quer no conteúdo.
Uns mais pela velha guarda, outros mais vanguardistas, no fundo todos dependem de um só fator: resultados. Haverá, por muitas ordens de razão, quem se identifique mais com um estilo em detrimento de outro, assim como haverá métodos mais assertivos e outros que nem por isso.
No entanto, a glória dita os vencedores e os vencedores perpetuam-se no tempo como figuras míticas, os tais deuses do "Olimpo Futebolístico". Equilíbrio e resultados é coisa que não falta a esta seleção do Uruguai.
Só neste ano civil, o balanço é tão fácil como uma conta de somar elementar - em seis jogos efetuados, zero golos sofridos - sendo que a tendência é para ganhar jogos por diferença de um golo. Prova disso são os dois confrontos da fase de grupos, frente ao Egito e à Arábia Saudita. A exceção foi o 3-0 frente à seleção anfitriã, a Rússia.
Para passar a contas de subtração é preciso recuar um ano na linha do tempo. Em 12 jogos realizados a partir de setembro último, apenas contabiliza uma derrota. Raça, coletivo e equilíbrio defensivo formam a carta de apresentação desta seleção.
Portugal já demonstrou todo o seu valor e perseverança neste Campeonato do Mundo, deixando nas entrelinhas que o Campeão da Europa em título, não foi em passeio até aos país dos Czares. O 3-3 frente à seleção orientada por Fernando Hierro, deixou clara a identidade e o espírito de entreajuda dos jogadores portugueses.
Recordando um dos "expoentes" de Luiz Felipe Scolari, o tal mata-mata, quem quiser seguir para os quartos-de-final e esperar por França ou Argentina, terá que vencer esta batalha. Pouca importa se jogarem bem ou mal, quem perder faz as malas.
A Seleção Nacional tem os seus argumentos de peso, desde logo o melhor do mundo nas suas fileiras, mas o segredo está no coletivo e na forma como vai fazer a bola romper a barreira defensiva uruguaia, personalizada por dois centrais, imagine-se, do próprio atlético de Madrid.
As estratégias vão-se adequando em função dos adversários, tentando aproveitar pontos fracos e eliminar mais-valias. Contra o Irão, por exemplo, a estratégia da turma de Carlos Queiroz, passou por eliminar William Carvalho do jogo, logo eliminando uma das formas de ligação e transição para os médios e avançados portugueses.
Ricardo Alves, analista do Tondela, explica a estratégia iraniana, e de que forma Portugal chegou ao golo por Ricardo Quaresma.
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Do ponto de vista tático, Óscar Tabárez apostou, nos dois primeiros jogos do Mundial, num 4-4-2 clássico e a equipa ressentiu-se. Não conseguia ligar por dentro (médios de perfil, raramente se desdobravam) nem ameaçava através dos laterais. Contra a Rússia foi a melhor exibição, muito por culpa das alterações feitas.
O 4-4-2 transformou-se num losango, com quatro médios bastante próximos, e a equipa teve mais facilidades para construir de forma apoiada e progredir no corredor central.
Os portugueses, por sua vez, têm várias opções nas suas fileiras, podendo alterar o sistema tático, se assim o entender o selecionador. Mais velocidade e profundidade, mais abertura ou jogo interior, cada um dos sistemas táticos poderá chamar a jogo jogadores como André Silva, Gelson ou Manuel Fernandes.
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Entram em campo duas equipas muito parecidas e há até quem diga que o Uruguai é o Portugal da América do sul, sendo que a seleção portuguesa é o Uruguai da Europa. No fundo, tudo se resolverá dentro das quatro linhas.