Marco Ferreira considera "normal" a decisão de ter dois VAR na final da Taça da Liga
Ex-árbitro madeirense vê a medida como uma forma de "garantir uma segurança até que os erros graves não possam acontecer."
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O antigo árbitro internacional, Marco Ferreira, entende que a decisão do Conselho de Arbitragem da FPF em colocar dois videoárbitros na final da Taça da Liga é uma boa medida.
A decisão foi anunciada esta sexta-feira e segue o mesmo modelo que foi utilizado pela FIFA na final do Mundial de 2018. Para Marco Ferreira, depois do que aconteceu nas meias-finais - a atuação do videoárbitro em ambos os jogos foi alvo de muitas críticas - esta é uma decisão que surge de forma natural.
"É normal que o Conselho de Arbitragem tenha tomado essa decisão no sentido de garantir uma segurança até que os erros graves não possam acontecer. Quanto mais pessoas estiverem a olhar para o monitor e com mais tempo de análise, logicamente a possibilidade do erro não acontecer é superior. É uma boa medida", considera o ex-árbitro. Marco Ferreira relembra que esta é uma tecnologia muito recente e que o risco que Portugal correu em adotar uma tecnologia pouco testada leva ao "risco de que o aperfeiçoamento seja feito conforme a experiência vai acontecendo."
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Além da "normalidade" da decisão, o ex-juiz considera também que esta é uma forma de o Conselho de Arbitragem mostrar que está atento às críticas.
"Apesar da estrutura da arbitragem ter regulamentos que condicionam muito a informação que sai - os árbitros não poderem falar, porque a FIFA não autoriza, é um exemplo -, o Conselho de Arbitragem não pode fechar-se à sociedade desportiva e civil. Têm que mostrar que também ouvem as mensagens dos dirigentes dos clubes", que são a parte mais interessada nas competições.
Ainda assim, Marco Ferreira lembra que o órgão que regula a arbitragem em Portugal "não precisa das críticas dos dirigentes para avaliar o trabalho dos árbitros. Mas existindo essas críticas, logicamente o Conselho de Arbitragem tem de fazer o seu trabalho". E qual é, então, esse trabalho? "Tentar evitar que os erros aconteçam - independentemente de quem está, ou não a reclamar. É um trabalho que tem de ser feito sistematicamente jogo a jogo, fim de semana a fim de semana e jornada a jornada."
Permitida esta possibilidade de ter dois VAR no mesmo jogo, Marco Ferreira admite que está, a partir de agora, aberto um precedente e vai mesmo mais longe: pode passar a ser regra ter uma equipa de arbitragem reforçada em jogos importantes.
"Nos jogos de cariz mais importante, que são a eliminar ou em finais" este pode ser um cenário repetido no futuro. A estratégia pode servir para que nos jogos com mais "emoção e acompanhamento da comunicação social" o VAR não seja "o motivo para que o resultado não seja o que devia ser."
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