Na sequência da proposta do Bloco de Esquerda que pretende a implementação de leques salariais para combater a desigualdade nas empresas, a TSF falou com 'Maria', trabalhadora de uma das mais conhecidas empresas de distribuição nacional - área marcada pela discrepância salarial. No Início do mês, 'Maria' não chega a ter na conta 600 euros.
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Maria, nome fictício, tem 28 anos e trabalha numa das mais conhecidas empresas de distribuição nacional.
A situação financeira em que se encontra não a permite sair de casa dos pais. Ainda assim, considera-se privilegiada porque demora apenas 20 minutos a chegar ao trabalho, numa zona nobre da capital.
Maria ilustra a situação em que vivem alguns dos colegas numa tentativa de justificar o cunho de privilegiada a que se atribuiu e remata ao dizer "podia ser pior".
Há sete anos que trabalha nesta empresa e, com o aumento que teve há dois meses, Maria recebe agora um salário bruto de 610 euros. "Eu acho que é pouco. Para o trabalho que fazemos é pouco", sublinha.
Em 2011, quando iniciou este trabalho, pensou que ficaria pouco tempo na empresa, "a ideia era encontrar algo melhor". Agora acredita que não lhe compensava trocar "um emprego que é certo, ainda que o salário seja baixo, (...) por um salário também baixo num outro emprego diferente".
Para esta trabalhadora, a questão salarial está intrinsecamente ligada à motivação profissional, afinal "quando uma pessoa ganha mais, à partida vem mais motivada para o trabalho". Não é o caso de Maria, os 610 euros esfumam-se nas contas que tem de pagar todos os meses. "Infelizmente não se consegue viver sem dinheiro."
No entanto, são os contrastes salariais que revoltam esta trabalhadora. Maria sabe que a empresa tem lucro, mas não o vê refletido no seu salário. No seu entender, a diferença salarial entre o trabalhador e o patrão é demasiado grande, demasiado injusta. "Não quer dizer que o patrão não faça nada, mas a diferença não deveria ser tão acentuada", enfatiza.
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Isto porque, se a empresa apresenta lucros, "não há necessidade de pagar salários tão baixos".
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