A Jerónimo Martins é a empresa com o maior fosso salarial em Portugal. Bloco de Esquerda avança esta sexta-feira com "leque salarial de referência".
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Ele não é o gestor (CEO) que ganha mais, mas Pedro Soares dos Santos, da Jerónimo Martins, lidera a empresa com o maior fosso entre o vencimento médio dos funcionários e a remuneração do presidente.
O ano passado, cada trabalhador do Pingo Doce recebia em média menos de 13 mil Euros por ano enquanto Pedro Soares dos Santos obteve mais de dois milhões de Euros em remunerações. São 155 vezes mais.
Os relatórios e contas da empresa justificam estes montantes com a competitividade do mercado, e que "constituam elemento motivador de um elevado desempenho individual e coletivo, de forma a permitir estabelecer e atingir metas ambiciosas de acelerado crescimento", pode ler-se.
Os mais dois milhões de euros (2.009.250) de vencimento do CEO têm uma componente fixa e outra variável, e 15% da remuneração vai para um plano de pensões de reforma. Um PPR de 300 mil euros ao ano.
Este é o caso onde o fosso é maior, mas de acordo com as contas feitas, em maio deste ano, pelo Dinheiro Vivo, um trabalhador precisa de 46 anos para ganhar um salário de presidente de uma cotada do índice PSI20.
O fosso tem vindo a aumentar, já que há três anos a diferença multiplicava-se por 33 e agora multiplica-se por 46.
É já esta sexta-feira que é votada na Assembleia da República a iniciativa legislativa do Bloco de Esquerda que quer "garantir que o Governo estabeleça um 'Leque salarial de referência'.
Este leque salarial deve ser "entendido como o diferencial máximo entre a remuneração mais elevada e a remuneração mais baixa paga por uma mesma entidade empregadora", adianta o BE.
E de acordo com o Bloco de Esquerda deve ser aplicado a empresas que mantém relações contratuais com o Estado.
Assim, "as entidades empregadoras cujo leque salarial desrespeite o leque salarial de referência definido ficam privadas do direito de participar em arrematações ou concursos públicos, bem como de beneficiar de quaisquer benefícios ou subsídios e apoios definidos pelos programas públicos de apoio a empresas e à criação de emprego", sublinha a Proposta de Lei.