A Grécia parece ter-se afastado das perspectivas de incumprimento, depois do primeiro-ministro ter acalmado o caos político e de a Alemanha aliviar a exigência de participação dos privados no novo pacote de apoio.
Corpo do artigo
Depois de dois dias de intensas tensões no Partido Socialista grego, que ameaçou derrubar o seu governo, o primeiro-ministro, George Papandreu, chamou o seu principal rival interno para a pasta das Finanças, noticia a AP.
Espera-se, por isso, que se solidifiquem os apoios de que Papandreu precisa para garantir o novo pacote de 28 mil milhões de euros, dando como contrapartida mais austeridade e cortes orçamentais, o que tem gerado motins nas ruas.
Os credores europeus e o FMI exigiram que a Grécia aprovasse medidas de austeridade antes de desbloquear a próxima tranche de 12 mil milhões de euros, de um empréstimo total de 110 mil milhões de euros, acordado em 2010 para manter a Atenas fora dos mercados até que restabeleça a sua economia.
O default [não reembolso] grego poderia desencadear reacções imprevisíveis, com impactos graves nos bancos europeus, bem como perturbar os mercados e complicar a situação de outros países endividados, como Portugal, fazendo disparar os juros exigidos.
Aparentemente assustada pelas perspectivas de incumprimento no curto prazo, a Alemanha acalmou hoje os receios dos mercados que temiam que Berlim impusesse perdas aos bancos e a outros investidores privados num segundo resgate a Atenas.
Nas últimas semanas, Merkel apoiou o seu ministro das Finanças que defendia que o sector privado deveria dar mais sete anos a Atenas para que cumprisse as suas responsabilidades.
No entanto, as agências de rating e o Banco Central Europeu (BCE) alertaram que tal poderia ser considerado com um default parcial da Grécia, o que semearia o pânico nos mercados financeiros e prejudicaria os bancos helénicos.
Depois disto, França e Alemanha disseram em uníssono que o envolvimento dos privados seria apenas voluntário, o que foi bem recebido pelos mercados.
Abandonando a pasta da Defesa para conduzir as Finanças, Evangelos Venizelos tem uma grande e imediata missão pela frente: controlar as derrapagens orçamentais e os retrocessos nas reformas de contenção de custos, bem como avançar com uma série de privatizações no valor de 50 mil milhões de euros.
Ao mesmo tempo, terá de negociar o segundo resgate de Atenas com os credores internacionais, desiludidos. «O país deve ser salvo e vai ser salvo. Estou a deixar a Defesa hoje para ir para a verdadeira guerra», afirmou Venizelos.
O novo governo de Papandreu tem agora de reunir um voto de confiança no Parlamento, onde os socialistas têm a maioria por cinco assentos. Espera-se que este voto aconteça na próxima terça-feira.