«Ausência de medidas para reduzir despesa pública é chocante», diz Mira Amaral
O antigo governante social-democrata Mira Amaral criticou as medidas de austeridade anunciadas pelo Governo, considerando «chocante» a ausência de medidas de redução da despesa pública e a manutenção da abolição dos subsídios aos reformados e pensionistas.
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«Há duas coisas chocantes neste pacote: a ausência completa de medidas de redução da despesa pública e a manutenção da abolição dos subsídios de férias e Natal aos reformados e pensionistas», disse o antigo ministro da Indústria de Cavaco Silva.
«O Governo ao fim de um ano praticamente nada fez para reduzir a despesa pública e isso é muito preocupante. Ao contrário das promessas eleitorais feitas por Passos Coelho e Eduardo Catroga, o Governo não cortou as gorduras do Estado», sublinhou.
E reforçou: «O Governo está a perder 'timing' político. Duvido que faça qualquer reforma estrutural no domínio da despesa pública».
Questionado sobre o aumento da contribuição para a Segurança Social dos trabalhadores (do setor público e do privado) Mira Amaral considerou que se trata de «um aumento significativo, que é penalizador para os trabalhadores».
Na sua opinião, «é mais um imposto para os portugueses num contexto em que a carga fiscal está já muito elevada. A economia não aguenta mais impostos».
Já sobre a descida da contribuição das empresas para a Segurança Social, Mira Amaral afirmou que «pode ser positiva para as empresas produtoras de bens transacionáveis que competem nos mercados externos, mas também é chocante que as grandes empresas que não estão no setor dos bens transacionáveis, como a PT [Portugal Telecom] ou a EDP [Energias de Portugal], recebam uma ajuda que não precisam e que lhes vai aumentar os lucros».
Segundo o responsável, «isto não faz sentido e é injusto», face aos esforços que estão a ser pedidos aos trabalhadores.
No que toca ao combate ao desemprego, Mira Amaral defendeu que, se o Governo quer baixar a taxa, devia criar «um quadro de incentivos fiscais fortes para atrair empresas que queiram instalar-se em Portugal».
Isto, porque «o Governo não perde nada em dar insenções fiscais durante meia dúzia de anos a empresas estrangeiras, já que se as mesmas não vierem não recebe nada na mesma», salientou.
A retenção dos lucros nas empresas é outra das medidas que Mira Amaral acredita que poderia permitir uma diminuição do desemprego.