Arranque lento e com falta de detalhes na comissão de inquérito ao Banif. Ex-presidente que não conseguiu responder a questões detalhadas dos deputados ficou "surpreendido" com a resolução.
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"Surpreendeu". Foi com esta resposta lacónica que Marques dos Santos, presidente do BANIF entre 2010 e 2012, respondeu à pergunta sobre se a resolução do banco o tinha apanhado de surpresa. Até porque, como explicou, no seu mandato, o "Banco de Portugal acompanhava em permanência" todas as empresas do grupo.
Marques dos Santos teve dificuldade, em três horas e meia de audição, em dar sempre o detalhe que as perguntas dos deputados exigiam, mas revelou, em resposta a uma pergunta da deputada Mariana Mortágua, do Bloco de Esquerda, que Jorge Tomé, seu sucessor no Banif (e que viria a ser o ultimo presidente do banco), teve parte ativa, enquanto administrador da Caixa Geral de Depósitos, na negociação da compra entre 2011 e 2012, por parte do banco público, de uma corretora no Brasil criada poucos anos antes pelo banco fundado por Horácio Roque. "Custou-nos porque era um bom ativo", mas as necessidades de capitalização assim o exigiram.
A corretora, comprada pela Caixa por 80 milhões de euros, estaria, dois anos depois, a forçar o banco público a registar prejuízos de 30 milhões. Jorge Tomé terá oportunidade para clarificar esta situação, quando esta tarde for escutado no parlamento.
Ao longo da audição Marques dos Santos - que descartou qualquer responsabilidade ou conhecimento da atividade do Banif no período pós-2012 - defendeu que a viabilidade do banco "nunca esteve em causa", mas não soube explicar os motivos que levaram a que, ao longo do ano de 2012, as imparidades registadas pela instituição disparassem de 400 para 1,1 mil milhões de euros.