Eurodeputada diz que é preciso apurar responsabilidades, mas lembra que até 2008 houve "ausência total" de regulação dos mercados financeiros. Salienta "respeito" por Carlos Costa.
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"Tenho consciência de que assumir responsabilidades de supervisão financeira no momento atual, e sobretudo no setor bancário, é integrar uma equipa que procura capitanear um navio no meio de um mar bastante agitado", afirmou Elisa Ferreira.
A eurodeputada eleita pelo PS está a ser ouvida na Comissão de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa, depois da proposta para integrar o Conselho de Administração do Banco de Portugal.
Perante os deputados, Elisa Ferreira garantiu "empenho" e "energia" num momento que considera "difícil" para o país, e sublinhou que o trabalho no Parlamento Europeu lhe dá uma "visão precisa" sobre o que define como os "diferentes interesses em jogo" na União Europeia.
Durante a audição, a economista e antiga deputada do PS abordou ainda a questão das falhas de supervisão do Banco de Portugal, defendendo que as "responsabilidades" não devem ser imputadas apenas à instituição liderada por Carlos Costa.
"Há que ter em conta que a situação até 2008, de ausência total de regulação dos mercados financeiros, que conduziu a práticas de excesso de risco e posturas passivas dos reguladores não correspondeu a nenhuma especificidade nacional, mas à convicção internacionalmente aceite de que os mercados se autorregulariam", disse.
A eurodeputada diz, no entanto, que é preciso um "apuramento de responsabilidades" e uma "análise cuidada do passado".
Elisa Ferreira salienta "respeito" por Carlos Costa
Considerando que um lugar no Conselho de Administração do Banco de Portugal seria sempre "uma obrigação e um desafio", por via da experiência acumulada ao longo dos anos, a eurodeputada destacou o "honroso convite" feito por Carlos Costa, sobre o qual, sublinha, tem o "maior respeito pessoal e intelectual".
Elisa Ferreira saiu ainda em defesa do Governador que, entende a eurodeputada, sempre alertou para os problemas da supervisão.
"Em diversas intervenções - por exemplo aqui na Assembleia da República ou no discurso da tomada de posse - reconhecia lacunas institucionais ainda por colmatar e apontava claramente algumas das linhas diretrizes a seguir pela instituição", disse.
BES teve "erros" de supervisão, Banif foi "enormemente penalizador" e Novo Banco está em aberto
"A resolução não foi perfeita, mas, provavelmente, minoraram-se danos maiores no sistema financeiro", afirmou Elisa Ferreira sobre a medida de resolução aplicada ao Banco Espírito Santo.
A eurodeputada admite, no entanto, "erros e problemas de supervisão que ficaram comprovados nas conclusões Comissão Parlamentar de Inquérito ao caso BES/GES.
No caso do Banif, adianta, o resultado foi "enormemente penalizador para os contribuintes, para os cidadãos e Estado", não respondendo, contudo, à questão sobre se haveria, ou não, uma solução melhor para a instituição bancária que acabou por ser adquirida pelo Santander Totta.
Questionada pelos deputados acerca do futuro do Novo Banco, a eurodeputada sublinhou não estar na posse de todas as informações, mas adiantou: "À partida, todas as hipóteses ficam abertas. Idealmente seria importante que fosse vendido a um preço adequado, de modo a fazer o reembolso de acordo com o plano inicial".