A Comissão Europeia discorda «fundamentalmente» de algumas das conclusões do relatório divulgado pelo FMI, que reconhece «falhanços notáveis» no primeiro plano de resgate à Grécia.
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Questionado sobre o documento do FMI, no qual são também apontadas divergências entre o Fundo e os seus parceiros europeus da 'troika' - Comissão Europeia e Banco Central Europeu (BCE) -, o porta-voz dos Assuntos Económicos alegou que o relatório foi elaborado «por alguns técnicos do FMI» e não reflete uma «posição oficial» da instituição, com quem, asseverou, o executivo comunitário mantém uma «relação de trabalho construtiva», incluindo no programa de assistência a Portugal.
Sublinhando que Bruxelas discorda de várias (e importantes) conclusões do documento, como a questão da reestruturação da dívida grega, Simon O'Connor garantiu ainda que o mesmo não alterará a forma de trabalho no seio da 'troika', considerando que a UE e o FMI estão a trabalhar muito bem, incluindo nos casos dos outros países sob programa de assistência financeira, designadamente Portugal e Irlanda.
O porta-voz do comissário Olli Rehn comentou a propósito que a 'troika', que agrupa Comissão, BCE e FMI, «não existia há três anos», e foi «erguida» de um momento para o outro para responder a uma situação de emergência, «sem precedentes», e revelou que o executivo comunitário também irá divulgar (em data ainda por definir) o seu próprio relatório sobre o trabalho com os seus parceiros da 'troika'.
Relativamente às conclusões do relatório do FMI divulgado na quarta-feira, disse que a Comissão está em «desacordo fundamental» com a questão da reestruturação da dívida grega -- que, segundo o documento, deveria ter tido lugar logo em 2010, e não apenas em 2012 -, pois, segundo Bruxelas, «o relatório ignora neste ponto a interconexão entre os Estados-membros da zona euro» e «o risco de contágio» que tal teria tido.
Outro elemento que a Comissão considera «totalmente errado e infundado» no relatório é a alegação de que não foi feito o suficiente para identificar reformas estruturais que promovessem o crescimento, acrescentou.
Um relatório do Fundo Monetário Internacional reconheceu na quarta-feira que o primeiro plano de resgate da Grécia em 2010 se saldou por «falhanços notáveis», devido a previsões de crescimento demasiado otimistas e a desacordos internos na 'troika'.