Bruxelas prevê que Portugal tenha um défice de 3,3% do PIB em 2015, o que a concretizar-se manterá o país sujeito a um Procedimento de Défice Excessivo, e prevê que a economia portuguesa cresça apenas 1,3%, abaixo dos 1,5% referidos pelo Governo.
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De acordo com as previsões de outono da Comissão Europeia divulgadas hoje, Bruxelas estima que o défice português fique 0,5 pontos percentuais acima do previsto pelo Executivo liderado por Pedro Passos Coelho no próximo ano.
«Tendo em conta as medidas incluídas na proposta de Orçamento de Estado para 2015, estima-se que o défice orçamental alcance os 3,3% do Produto Interno Bruto (PIB) no próximo ano, significativamente acima do défice de 2,7% do PIB planeado pelo Governo português», salienta Bruxelas no documento hoje divulgado.
A Comissão justifica a diferença de previsão com «uma maior cautela» perante a previsão das receitas do próximo ano.
Admitindo ainda assim «uma melhoria» no saldo orçamental, face aos 4,9% que prevê para 2014 (mais 0,1 pontos do que o estimado pelo Governo), Bruxelas aponta o aumento previsto «na maioria dos itens da despesa, o que contraria parcialmente o impacto do aumento de receita e das medidas de consolidação na redução do défice».
A concretizar-se, a estimativa da Comissão Europeia antevê também que, ao contrário do que tem sido afirmado pelo Governo, Portugal manter-se-á sob Procedimento de Défices Excessivos, por terminar o próximo ano com um défice acima dos 3% do Produto Interno Bruto (PIB).
Bruxelas prevê ainda que a economia portuguesa cresça apenas 1,3% em 2015, abaixo dos 1,5% previstos pelo Governo na proposta de Orçamento do Estado. «A recuperação da economia portuguesa está a sofrer com o abrandamento da procura externa. Em resultado, o crescimento vai dever-se cada vez mais do consumo privado. Um regresso a um crescimento baseado na procura interna pode por em risco a redução dos desiquilíbrios externos», alerta a Comissão Europeia.
A Comissão prevê também que a dívida pública fique nos 125,1% do PIB em 2015, acima dos 123,7% previstos pelo Governo, e valor que considera só será alcançado em 2016.
Sobre o desemprego, Bruxelas estima que no próximo ano desça para os 13,6%, uma estimativa que fica ligeiramente acima das previsões do Governo (13,4%).