O governador do Banco de Portugal disse hoje que, em 2011, quando Portugal pediu ajuda internacional, a troika pretendia que a linha de capitalização da banca fosse de 24 mil milhões de euros, o dobro da que foi constituída.
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«Quando a troika chegou a Portugal não tinha um número de 12 mil milhões de euros para o apoio ao sistema financeiro português. Tinham ideia que ia ser necessária uma capitalização pública muito maior. O dobro", revelou, pela primeira vez, Carlos Costa.
Em 2011 foi constituída uma linha de recapitalização para a banca de 12 mil milhões de euros.
Carlos Costa falava no XI Fórum da Banca, organizado pelo Diário Económico, que hoje decorre em Lisboa, tendo realçado que os bancos portugueses registaram imparidades de 31 mil milhões de euros durante este período e que boa parte desse esforço foi feito através de capital privado.
Neste capítulo, a estratégia do Banco de Portugal foi evitar que a "fatia de leão" destas imparidades fosse reconhecida à cabeça, dada a dificuldade de encontrar esse nível de capital nos acionistas privados.
Caso fossem usados dinheiros públicos logo na ocasião, Carlos Costa considerou que se chegaria a uma situação em que a grande maioria do capital da banca portuguesa estaria nas mãos do Estado. «Não diria que se estava perante uma nacionalização, mas de protonacionalização, tal o nível de capital público que seria injetado nos bancos», sublinhou o responsável.
Carlos Costa salientou que, desde 2010, o supervisor obrigou os bancos a reforçar capitais e a não distribuir dividendos, tendo sido alvo de críticas por parte de «algumas instituições», sublinhou. O objetivo era reforçar atempadamente a solvência e a liquidez dos bancos portugueses.