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O "Top 25 dos mutuários que originaram as maiores perdas" surge sem nomes no documento entregue ao Parlamento.
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A versão do relatório da auditoria à Caixa Geral de Depósitos (CGD) entregue esta sexta-feira no Parlamento omite o nome dos devedores, os valores dos créditos concedidos e a exposição do banco público a estes empréstimos devido ao sigilo bancário.
No relatório disponível no 'site' da Assembleia da República (AR), a consultora EY, responsável pela auditoria, refere que, "para salvaguarda do dever de segredo das instituições de crédito em relação a pessoas e entidades terceiras", o documento hoje divulgado "difere do relatório final entregue à CGD em 26 de junho de 2018 por terem sido expurgadas as informações que, direta ou indiretamente, entendemos que permitiriam a sua identificação".
Isto "em cumprimento das instruções emitidas nas comunicações do Ministério Publico e do Banco de Portugal de 29 de janeiro de 2019", transmitidas à EY pelo banco público.
Assim, são omitidas informações como os nomes dos grandes devedores, os valores dos créditos concedidos e a exposição em 2015.
A título de exemplo, o quadro intitulado "Top 25 dos mutuários que originaram as maiores perdas" surge sem nomes.
A entrega da auditoria hoje no parlamento surge depois de, na semana passada, ter sido divulgada uma versão preliminar do documento, datada de dezembro de 2017, que fez estalar a polémica devido à concessão de créditos mal fundamentada, atribuição de bónus aos gestores com resultados negativos, interferência do Estado e aprovação de empréstimos com parecer desfavorável ou condicionado da direção de risco da CGD.
Segundo o documento, administradores da CGD receberam "remuneração variável" e "voto de confiança", mesmo em anos com resultados negativos.
A administração da CGD recusou, por duas vezes, a entrega do relatório à AR, num primeiro momento invocando sigilo bancário e, numa segunda vez, invocando o segredo de justiça.
Em 09 de janeiro, a comissão parlamentar anunciou que iria pedir à PGR o acesso ao relatório da auditoria feita à gestão da CGD entre 2000 e 2015, depois de o banco público ter recusado pela segunda vez o acesso.
Esta semana, o Ministério Público informou "nada ter a opor" que a CGD disponibilizasse ao parlamento a auditoria.
CDS-PP, PSD, PS e BE chegaram a acordo para um texto comum sobre o objeto da futura comissão parlamentar de inquérito à CGD, partindo de uma proposta inicial dos democratas-cristãos.