Em entrevista à TSF, o secretário-geral da CGTP diz ainda que não abdica de um aumento dos salários no estado em 2017. E acusa os patrões de fazerem da concertação social "uma trincheira".
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Arménio Carlos lamenta que o governo esteja a preparar um aumento de impostos indiretos, por serem "impostos cegos", em que "tanto paga o que tem salário mínimo nacional como aquele que tem salário de administrador de um banco".
O executivo de António Costa já disse ser "provável" o aumento da tributação indireta, não adiantando quais são os impostos nem os valores.
"Aí é que é preciso ter cuidado, não estamos de acordo com aumentos de impostos indiretos, é preciso tomar outras medidas, de forma a conseguir receita a partir daqueles que até agora não têm pago, e são muitos milhares de milhões de euros", diz Arménio Carlos. Entre outras medidas, sugere a eliminação da taxa liberatória de IRS, atualmente nos 28%, obrigando quem tem investimentos ou depósitos a englobar rendimentos. Propõe também que o governo volte a renegociar as Parcerias Público-Privadas.
Arménio Carlos também não abdica de um aumento dos salários no estado já "em janeiro de 2017", defendendo que há "uma razão moral", tendo em conta o sacrifício feito pelo funcionários públicos nos últimos anos.
Uma medida já rejeitada por António Costa, que lembra a reposição salarial em curso. O primeiro-ministro sublinha que, pela primeira vez desde 2009, todos os funcionários públicos vão receber o salário na totalidade, ao longo de todo o ano.
Apesar das discordâncias, Arménio Carlos não quer impor já linhas vermelhas ao governo, reconhecendo que esta é "uma fase" em que a prioridade passa por repor os rendimentos retirados no passado.
Patrões querem fazer da concertação social "uma trincheira"
Arménio Carlos acusa as confederações patronais de usarem a concertação social como força de bloqueio. "Porque o que nós verificamos é que as confederações patronais têm uma estratégia muito clara: fazer da concertação social não um espaço de diálogo e negociação, mas uma trincheira para condicionar o governo a promover a alteração das leis que são mais gravosas para os trabalhadores", aponta o sindicalista.
O secretário-geral da CGTP responde assim a António Saraiva, presidente da CIP, que em entrevista ao Negócios e à Antena 1 sugeriu que poderia aceitar um salário mínimo de 557 euros se o governo, como moeda de troca, prometesse não alterar a legislação do trabalho. Arménio Carlos, que defende um salário mínimo de 600 euros, considera que ligar as duas questões revela "uma visão passadista".
Arménio Carlos entende ainda serem inevitáveis alterações à lei do trabalho, para voltar a dar força à contratação coletiva.
Uma entrevista que pode ouvir na TSF depois das 15h00.