O secretário de Estado dos Transportes afirmou hoje que o Governo se reuniu com potenciais concorrentes à privatização da TAP entre terça e quinta-feira e foi questionado sobre o "ruído" da oposição contra este processo.
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Escusando-se a revelar quantas nem quais foram as entidades que se reuniram com o executivo PSD/CDS-PP, Sérgio Monteiro disse que "o risco de haver uma decisão unilateral do Estado no futuro que pudesse pôr em causa o investimento que eles propunham fazer" foi "uma das matérias que causou perturbação nos potenciais concorrentes" à privatização da TAP.
"Eles manifestaram essa preocupação, e nós tomámos boa nota dela. Respondemos aquilo que achámos oportuno nessa ocasião, dando sobretudo uma nota de normalidade em Portugal", acrescentou o secretário de Estado, em declarações aos jornalistas, nos Passos Perdidos da Assembleia da República.
Sérgio Monteiro salientou que as propostas de compra da TAP "são vinculativas" e defendeu que "Portugal tem de ser um país previsível e amigo do investimento", concluindo: "Vamos ter de ver o que é que esse ruído tem de implicação nas propostas que efetivamente possam ser entregues".
Questionado se a TAP poderá ser vendida a qualquer preço, respondeu: "Eu julgo que, a somar ao preço, temos a venda das ações, temos o capital que entra na empresa e temos o valor dos 34% que serão vendidos mais tarde pelo Estado". "Tenho muita confiança que a empresa fique adequadamente capitalizada, que entre dinheiro fresco na empresa que lhe permita crescer e desenvolver-se, voltar à tal normalidade", completou.
A menos de cinco horas do fim do prazo para a apresentação de propostas de compra da transportadora aérea nacional, o secretário de Estado dos Transportes falou à comunicação social para afirmar que o Governo confia que esse processo permitirá o "regresso à normalidade na TAP".
Depois, numa alusão à intenção do PS de travar esta privatização, considerou que "o ruído é obviamente perturbador, não ajuda o processo", e declarou: "Nós abrimos uma última oportunidade para que quem quisesse pudesse reunir com o Governo, e foram-nos feitas perguntas relativamente às declarações da oposição sobre esta matéria".
Numa crítica indireta aos socialistas, acrescentou: "O escrutínio é bem-vindo, mas as ameaças são claramente destruidoras de valor no processo de privatização".
Questionado pelos jornalistas, Sérgio Monteiro precisou que "houve reuniões entre entidades, no plural, e o Governo", entre "terça-feira e quinta-feira, inclusive", para que "os potenciais interessados quisessem reunir com o Governo sobre as matérias que eles entendessem".
O governante adiantou que essas reuniões "tiveram como origem de pedido os próprios concorrentes", mas não quis quantificá-los nem identificá-los. "Eu não posso confirmar quantas propostas serão entregues nem quantas reuniões existiram. O processo é muito transparente, mas tem de ter alguma reserva de informação pública, em nome da proteção do próprio processo", alegou.
Sérgio Monteiro sustentou que "não há aqui nenhuma opacidade nem nenhuma falta de transparência" e mencionou que "as entidades pediram reserva nessa informação, porque estão a decidir até ao último momento se apresentam proposta ou não".
De acordo com o secretário de Estado, o Governo impôs como condições para essas reuniões não ficar a "saber se vão concorrer ou não" nem receber "qualquer detalhe sobre as eventuais propostas", e "isso foi cumprido pelos concorrentes que manifestaram interesse em reunir".
Sérgio Monteiro referiu ainda que "não foram todos os concorrentes que pediram" essas reuniões, mas que "todos aqueles que manifestaram a seu tempo interesse em saber mais sobre este processo" foram informados dessa possibilidade através da "plataforma eletrónica que gere toda a informação sobre o processo".
No que respeita ao calendário da privatização, disse que, "se existirem propostas, elas serão comunicadas oportunamente", e que a TAP, Parpública e comissão de acompanhamento se pronunciarão "na próxima semana", e "depois será a altura de o Governo em definitivo se pronunciar".