Após a reunião que decorreu na sede de concertação social no âmbito da 11ª avaliação do programa de ajustamento, João Vieira Lopes, da Confederação do Comércio, diz que desta vez a 'troika' até «falou muito», mas sempre com uma «atitude arrogante».
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Sindicatos e patrões disseram, esta tarde, à 'troika' que é um disparate insistir na ideia de mais cortes nos salários.
Os parceiros sociais dizem que bem mais importante seria a redução da carga fiscal para famílias e empresas.
Os representantes do FMI e das instituições europeias destacaram os méritos do programa de ajustamento, mas insistiram nas medidas de austeridade.
João Vieira Lopes, da Confederação do Comércio, diz que desta vez a 'troika' até «falou muito», mas sempre com uma atitude «arrogante», contrariando o silêncio de outras ocasiões.
«Houve uma insistência da troika em que, já que não é possível baixar alguns custos como energias e combustíveis, as empresas ou baixam os salários ou fecham, o que é, na nossa opinião, é uma perspetiva errada», acrescentou.
Por seu lado, António Saraiva, da CIP, notou que a troika «não referiu os cortes salariais», apesar de ter concordado com a ideia da existência de uma moderação salarial em Portugal.
Lucinda Dâmaso, da UGT, entende que a expressão "moderação salarial" tal como é defendida pela troika, é dúbia, mas garante que os parceiros internacionais defendem uma redução de rendimentos, incluindo salários, pensões e reformas.
Para Arménio Carlos, da CGTP, a troika quer seguir o modelo até aqui aplicado, até porque continua a defender que os salários são um problema para o desenvolvimento em Portugal.
«Imediatamente temos de associar à ideia da manutenção de um modelo de baixo valor acrescentado, baixos salários, trabalho desqualificado e precário. Aí sim insistiram que esse devia ser o caminho», concluiu.