Dinheiro do BES Angola transferido para empresas "offshore" de Salgado e Morais Pires
Foi hoje conhecida a segunda parte da auditoria forense feita pela Delloite, que detalha especificamente os negócios do BES Angola e revela que foram retiradas verbas das contas do BESA para empresas "offshore", propriedade de Ricardo Salgado e do administrador financeiro Amílcar Morais Pires.
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Foram quatro anos de transações, dinheiro alegadamente transferido do BES Angola para Ricardo Salgado e para o administrador Financeiro Amílcar Morais Pires.
A Deloitte detetou créditos concedidos pelo BESA não diretamente às pessoas de Salgado e Morais Pires, mas a empresas da propriedade de administradores do BES.
Em causa, revela o relatório, estão empresas "offshores" atribuídas a Ricardo Salgado e ao então responsável financeiro do BES. Duas sociedades com sede no Panamá, ambas estão a ser investigadas pela justiça no âmbito do caso Monte Branco.
A auditoria revela a existência de movimentos a débito (de saídas de fundos) registados entre 1 de janeiro de 2010 e 30 de junho de 2014.
Esta é uma das conclusões desta que é a segunda parte da auditoria forense ao BES, a que a TSF teve acesso. Um capítulo integralmente dedicado a Angola.
A Deloitte constatou ainda que houve um aumento de exposição do BES ao BES Angola, e isso pode representar a prática do crime de gestão ruinosa. Atos dolosos de gestão ruinosa porque, pode ler-se no relatório, o aumento desta exposição do BES ao BESA não tinha um racional económico que o justificasse.
As decisões foram tomadas contra o interesse dos depositantes, dos investidores e dos demais credores.
Estas práticas de gestão do BES Angola, que até ao final de 2013 era liderado por Álvaro Sobrinho, contribuíram de forma decisiva para agravar os problemas do BES, tendo em conta um buraco de quase seis mil milhões de dólares provocado por créditos de cobrança duvidosa.
Ainda de acordo com esta segunda parte da auditoria forense, foram identificados os principais incumprimentos detetados ao nível de procedimentos de gestão. Dez pontos muito detalhados. Entre eles destacam-se a inexistência de procedimentos de informação de modo a identificar e controlar eficazmente as operações dentro do Grupo Espírito Santo.
Insuficiências ao nível do sistema de controlo interno do BES, violação de regras internas na área de gestão de risco, o facto de terem sido aprovadas várias operações de crédito do BESA junto do BES apenas por um único membro permanente do Conselho de Administração do BES que o relatório não denomina, mas indicia o nome óbvio de Ricardo Salgado.