O antigo presidente do BES Angola tem-se escudado toda a tarde a responder às perguntas dos deputados na Comissão Parlamentar de Inquérito e invoca o dever de sigilo perante as autoridades angolanas. O presidente da comissão, Fernando Negrão, já teve de intervir várias vezes e pediu «elasticidade» a Rui Guerra para que ajude os deputados à descoberta da verdade.
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Rui Guerra avisou desde o início que não se tratava de um esquema para se refugiar, mas era uma questão de respeito pelas leis angolanas.
O «respeito devido às instituições e leis angolanas é o mesmo que devo às instituições e leis portuguesas», disse Rui Guerra na comissão de inquérito à gestão do BES e do Grupo Espírito Santo (GES), onde começou a ser ouvido pelas 15:00.
As limitações, acrescentou, são o «produto pelo respeito pelas instituições e leis e não pela tentativa de encontrar qualquer refúgio».
A declaração surgiu logo na primeira intervenção e às primeiras perguntas menos genéricas dos deputados, Rui Guerra invocou sempre o sigilo. O antigo Presidente do BES ANGOLA recusou reconhecer atas de reuniões e recusou responder a factos concretos.
O presidente da Comissão de Inquérito, Fernando Negrão, interveio várias vezes e pediu «elasticidade» na interpretação da lei angolana que impõe o sigilo. «É uma legitimidade que nos assiste, continuar a insistir [nas perguntas]», vincou Negrão, admitindo que nestas questões haverá sempre «maior ou menos elasticidade nas respostas» consoante o tema em causa.
«Há limitações que todos os dias os tribunais têm no que diz respeito a questões de segredo bancário com países estrangeiros. [Nós] Temos menos poderes, obviamente temos dificuldades maiores», concretizou o presidente da comissão.
Rui Guerra, na resposta, pediu apenas aos deputados para não lhe dificultarem a vida.