Para estes economistas, que escreveram uma carta no Financial Times, deveriam ser os «eleitores a decidir qual o melhor caminho para alcançar os objectivos» do défice.
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Dois economistas conceituados consideram que o FMI e a União Europeia estão a afrontar a democracia portuguesa ao exigirem um entendimento partidário para emprestarem dinheiro.
Numa carta publicada pelo Financial Times, o português Ricardo Reis e o espanhol Luis Garricano defendem que «devem ser os eleitores a decidir qual o melhor caminho para alcançar os objectivos».
Ricardo Reis, professor na Universidade de Columbia, nos EUA, considera que o FMI, a União Europeia e os credores têm a «legitimidade para exigir que tenhamos algum compromisso para alcançar valores em termos de défice para os próximos anos que garanta que podemos pagar esta dívida pública».
Contudo, em declarações à TSF, este economista português defendeu que a «forma como queremos alcançar esses objectivos em termos de défice público e pagamento de dívida pública devia ser algo que nós portugueses devíamos escolher».
«Ao exigir-se que PS, PSD e CDS, pelo menos, assinem um acordo que explicita as medidas que vão tomar durante os dois, três, quatro próximos anos para alcançar os valores do défice não está a permitir que entre esses partidos haja discordância acerca de qual a melhor forma para alcançar os objectivos», explicou.
Ricardo Reis lembrou que há várias formas de poder alcançar esses objectivos e que, por isso, deveria haver «eleições claras em que diferentes partidos dizem qual a combinação de subida de impostos e corte de despesas é que querem implementar».
«A partir do momento em que os principais partidos se comprometem num conjunto de medidas que podem ser, com certeza, impopulares de austeridade estamos a fomentar que a extrema esquerda em Portugal suba, o que pode ter consequências muito perigosas em termos da implementação das políticas mais tarde», acrescentou.
Este economista frisou ainda que «tem de haver algum respeito pelos nossos timings e realidades políticas e os timings da União Europeia têm de se ajustar aos nossos e não de outra forma».