O FMI considera que os salários continuam altos em Portugal. Numa crítica à «rigidez do mercado de trabalho», o fundo escreve que uma flexibilização salarial ajudaria a combater o desemprego.
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O FMI continua a criticar a rigidez do mercado de trabalho. No relatório da 11ª avaliação do resgate, o fundo escreve que a redução do custo unitário do trabalho nos últimos meses deveu-se mais ao aumento do desemprego do que à diminuição dos salários, o que demonstra, na opinião dos economistas da instituição, que existe uma rigidez excessiva nos salários nominais.
E argumenta com números: entre 2008 e 2012, o número de trabalhadores que tiveram aumentos caiu de perto de 70% para cerca de 45%. Os que tiveram reduções aumentou apenas de pouco menos de 19% para cerca de 22%. A proporção que não teve alterações no rendimento do trabalho duplicou: passou de um valor abaixo de 15% para pouco mais de 30%.
A flexibilidade salarial, escreve o FMI, facilitaria o combate a uma taxa de desemprego que continua alta. E deixa outro aviso: a proteção no emprego continua alta, na comparação com os outros países da OCDE.
A reforma do trabalho, escrevem os técnicos, facilitou os despedimentos, mas essa alteração não se vê na prática: continua a ser muito difícil despedir um trabalhador. E por isso apela ao Governo que garanta que as reformas se traduzem em mudanças efectivas.
No capítulo do mercado de trabalho, o FMI regista ainda a intenção do Governo de reforçar a negociação colectiva e suavizar a proteção no emprego, sublinhando a intenção do executivo de reduzir o valor das indemnizações nos despedimentos ilegais, como foi noticiado pela TSF em Março.