"Há gente a viver muito mal." Ministro diz que Portugal "não passou a ser país rico" após distinção económica

O ministro da Economia e da Coesão Territorial, Manuel Castro Almeida
Adelino Meireles (arquivo)
Em entrevista à TSF, Manuel Castro Almeida diz que "não vale a pena embandeirar em arco" reconhecimento da The Economist
O ministro da Economia e da Coesão Territorial, Manuel Castro Almeida, diz que não vale a pena embandeirar em arco a distinção da revista britânica The Economist, porque Portugal continua a ser um país pobre.
A revista assinala Portugal como a economia do ano e salienta a prestação de Portugal em cinco parâmetros: a inflação, o desvio da inflação, o PIB, o emprego e o desempenho da bolsa de valores.
Em entrevista à TSF o ministro da Economia reconhece que os imigrantes que trabalham em Portugal são também uma peça fulcral para o sucesso português.
"Sem dúvida a imigração tem um papel importante. O crescimento do turismo que tem vindo a verificar-se nos últimos anos e que promete continuar também tem um papel importante. As exportações têm um papel importante. A produtividade do trabalho tem um papel decisivo. São vários indicadores e para que Portugal possa estar em primeiro lugar é preciso que se juntem um conjunto de indicadores positivos e tudo isso são indicadores positivos", explica.
No entanto, Manuel Castro Almeida avisa que a distinção não significa que esteja tudo bem: "Não vale a pena embandeirarmos em arco, porque se é certo que fomos classificados como sendo a economia com melhor desempenho, ficamos em primeiro lugar, isso não nos transforma de um país pobre para um país rico. Não passamos de hoje para amanhã a ser um país rico. Apenas éramos um país pobre e agora somos menos pobres. Eu faço notar que quando Luís Montenegro chega ao Governo, Portugal tem 81% do PIB médio europeu, portanto, estamos ainda muito longe da média europeia. Agora, estamos a aproximar-nos, mas vamos aproximando lentamente. O nosso salto foi o maior salto de todos os países que foram analisados, mas não saímos da posição de um país relativamente pobre onde há muitas injustiças e muita gente a viver abaixo do padrão que nós consideramos aceitável."
O ministro admite que os portugueses ainda vivem com enormes dificuldades, apesar da distinção económica atribuída pela revista The Economist.
"A base de partida é muito má. A vida ainda é má para muita gente, mas tem vindo a melhorar. No ano passado, em 2024, Portugal foi o país da OCDE onde os salários reais mais cresceram. Isto é um facto que tem sido pouco referido e é um facto notável. Os salários estão a crescer. Cresceram em termos reais, portanto, acima da inflação e foi o país da OCDE em que os salários mais cresceram. Este ano continuam a crescer acima da inflação, portanto, a vida das pessoas está a melhorar, só que o ponto de partida é muito baixo, é muito fraco. Há gente a viver muito mal e passam a viver apenas um bocadinho menos mal, mas ainda estão mal, não há que ter ilusões", adverte.
Ainda assim, Manuel Castro Almeida considera que o rumo a seguir é o mesmo.
"Temos é de continuar este caminho, perseverar neste caminho. Depois, se as instâncias que têm fama de fazer boas análises, que têm análises consideradas consensualmente como as melhores, consideram que Portugal teve o melhor desempenho económico do ano de 2025, faz sentido nós mudarmos de política? Não faz sentido. A ideia é prosseguir esta política de baixar os impostos, de ter contas certas nas contas públicas, de baixar a dívida pública", assevera.
Mesmo reconhecendo que "a vida ainda é muito má para muita gente", o ministro Castro Almeida reitera que acha incompreensível a greve geral, que está marcada para quinta-feira.
