O presidente da Semapa e acionista do antigo Banco Espírito Santo, Pedro Queiroz Pereira, disse hoje que quando se fala no Grupo Espírito Santo (GES), fala-se sempre de Ricardo Salgado, líder histórico do banco.
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«Quando se fala no grupo Espírito Santo, fala-se de Ricardo Salgado. Nada se fazia sem ele. Havia uma pessoa [Salgado] que tinha de dar o "ok"», disse Queiroz Pereira, afirmando de todo modo não ser um «apreciador» da pessoa em causa.
O empresário revelou ainda ue desde o início da década desconfiava da gestão de Ricardo Salgado no BES e no GES, tendo em 2001 saído da administração do banco e da maioria das holdings do universo Espírito Santo.
«As desconfianças já vinham de há 10 anos. Eu fui administrador do BES até 2001. Nesse ano pedi para sair da gestão do banco e de todos os cargos de todas as sociedades acima, exceto da ES Control», afirmou hoje no parlamento Queiroz Pereira. «Na altura, eu já temia pela gestão com a qual eu não concordava com muitas coisas», justificou.
Segundo o presidente da Semapa, a gestão do BES «estava contra os acionistas em vez de estar a favor», dando como exemplo a falta de apoio na operação pública de aquisição (OPA) que lançou à Cimpor.
Questionado pelos deputados se não devia ter tomado uma atitude firme logo na altura, quando começou a desconfiar da gestão do BES e do GES, Queiroz Pereira concordou. «Fiz mal? Fiz mal, se tivesse prestado atenção antes talvez não tivesse caído na situação em que caí», admitiu.
O empresário falava na comissão parlamentar de inquérito à gestão do Banco Espírito Santo (BES) e do GES, que hoje ouve as palavras do presidente da Semapa, empresa que controla a maioria do capital da Portucel.
Queiroz Pereira fez chegar no passado uma carta ao Banco de Portugal sobre a Espírito Santo Control (ES Control), holding do GES que reunia as posições acionistas da família Espírito Santo e da qual Pedro Queiroz Pereira foi acionista, até ter entrado em choque com Ricardo Salgado, ex-presidente do BES. Na documentação entregue ao banco central, o empresário comunicava dúvidas em relação às contas da ES Control e do GES.
A comissão de inquérito arrancou a 17 de novembro e tem um prazo de 120 dias, que pode eventualmente ser alargado. Os trabalhos têm por intuito, por exemplo, «apurar as práticas da anterior gestão do BES, o papel dos auditores externos, as relações entre o BES e o conjunto de entidades integrantes do universo GES, designadamente os métodos e veículos utilizados pelo BES para financiar essas entidades».