José Reis, director da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, não encara com simpatia a redução da Taxa Social Única, mas não recusa totalmente a ideia.
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José Reis, um dos subscritores do Manifesto de Convergência Nacional em Torno do Emprego e da Coesão Nacional, que junta várias economistas e personalidades ligadas à esquerda, no fim da audiência com Cavaco Silva esta quinta-feira, comentou o debate em torno da descida da TSU e o memorando da "troika".
O economista confessou não ter «uma simpatia em geral» por essa medida, mas admitiu «alguma simpatia» se esse mecanismo for utilizado em ligação com «objectivos muito concretos».
«Se isso estiver ligado a uma política de promoção das exportações para empresas que garantidamente possam aumentar as suas exportações e reduzir o défice externo, se estiver ligado ao emprego desta forma muito dirigida, especifica, concreta, acho que o debate deve ser aberto e pode ser tomado», declarou, insistindo que a redução da TSU não deve ser utilizada apenas como «desoneração das empresas».
José Reis considerou ainda que o memorando assinado com a "troika" para a ajuda externa a Portugal é «recessivo» e «de enorme condicionalismo sobre a economia».
Admitindo que apesar de ter havido «alguma prudência nas decisões» firmadas com a "troika", José Reis afirmou que existirem «alguns vieses muito graves» no memorando, nomeadamente assumir-se que se torna a economia competitiva se as leis laborais forem alteradas e os custos laborais diminuídos.
«Na sociedade portuguesa isso é errado e é perigoso», frisou, alertando que tal irá «enfraquecer as pessoas», criar crise social e não vai capacitar a economia, pois uma empresa competitiva «não é a que paga o salário mínimo ou que degrada as condições de trabalho dos seus trabalhadores».